Dados do Trabalho
TÍTULO
OCORRENCIA DE HEMOPARASITAS EM ARTIBEUS OBSCURUS (SCHINZ, 1821) (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE, STENODERMATINAE) EM PARQUE URBANO DO RIO DE JANEIRO (RIO DE JANEIRO, BRASIL)
Resumo
Os morcegos são reservatórios naturais de uma grande variedade de parasitos, o que inclui parasitos hematológicos – especialmente vírus, bactérias, protozoários e fungos. Sete das nove famílias de quirópteros que ocorrem no Brasil são hospedeiros de agentes zoonóticos. A proximidade desses animais com a população humana torna possível o envolvimento dos mesmos com a transmissão de zoonoses por vários tipos de agentes etiológicos. Tendo em vista a escassez de informações sobre hemoparasitos em morcegos urbanos iniciou estudo para investigar a ocorrência de infestação de hemoparasitas em morcegos Artibeus obscurus (Schinz,1821) capturados em parque urbano no Município do Rio de Janeiro (RJ). Os trabalhos de campo foram realizados no período de fevereiro de 2014 a maio de 2019 no Parque Natural Municipal da Freguesia (PNMF) (22º56’49”S e 43º20’35”W), onde as capturas ocorreram com auxílio de redes de neblina no período das 17h 00min às 23h 00min. Os indivíduos capturados foram acondicionados individualmente em sacos de algodão, visando a redução do estresse de captura e a coleta de fezes. Dados biométricos foram obtidos com auxílio de paquímetro digital e registrados em planilhas. A amostragem hematológica foi obtida por punção da veia propatagial dos animais com auxílio de agulhas hipodérmicas estéreis, após antissepsia com álcool 70%. Após a punção venosa foram confeccionadas, em média, de três a quatro esfregaços “a fresco” por indivíduo, que foram identificados e embalados individualmente, sendo posteriormente preparados em ambiente laboratorial para o estudo hematológico. Todos os animais foram anilhados e liberados ao final da coleta. Os esfregaços sanguíneos foram levados para laboratório, corados utilizando método de coloração rápida (Panótico) e posteriormente observados sob microscópio óptico (400x e 1000x). As lâminas hematológicas estão temporariamente depositadas na sede do Instituto Resgatando o Verde - IRV. Dos 230 morcegos do gênero Artibeus capturados no período de estudo, 47 eram Artibeus obscurus (Schinz, 1821). Do total de 27 fêmeas capturadas (25 adultas e duas jovens), cinco estavam grávidas nos meses de janeiro, fevereiro e agosto e uma lactante em fevereiro. Dentre os 20 machos registrados, cinco estavam escrotados no mês de janeiro. A análise das 39 lâminas hematológicas preparadas revelou a presença de microfilárias sugestivas de Litomosoides spp. em duas fêmeas adultas e em uma fêmea jovem no mês de janeiro, o que corresponde 11,1% do total de indivíduos examinados. Uma fêmea grávida coletada em janeiro apresentou em seu esfregaço sanguíneo protozoário sugestivo de Hepatozoon spp., o que correspondeu a 3,7% das amostras. Os dados obtidos até o momento mostram que há muito a se conhecer sobre hemoparasitos em morcegos no Estado do Rio de Janeiro, e que futuras comparações entre morcegos de áreas antropizadas com os de áreas protegidas permitirão também reconhecer os possíveis impactos na saúde dos animais sinantrópicos. Para isso, é necessário o desenvolvimento de programas de longa duração sobre a epidemiologia das zoonoses e a biologia de quirópteros para compreender o papel das diferentes espécies na manutenção e transmissão de zoonoses.
Palavras-chave
Morcegos, Artibeus obscurus, hemoparasitos, fauna sinantrópica
Área
Parasitologia/Epidemiologia
Autores
Karoline da Silva Santos, Shirley Seixas Pereira da Silva, Alexandre Maurício da Silva Carneiro, Patrícia Gonçalves Guedes