Dados do Trabalho
TÍTULO
MAMIFEROS NATIVOS ATROPELADOS EM UMA AREA NO BIOMA PAMPA: VARIAÇAO SAZONAL E EFEITO DO TIPO DE HABITAT
Resumo
A construção de estradas a afeta o solo, a vegetação e a fauna em sua proximidade e atualmente é considerada o principal fator antrópico responsável pela mortalidade de vertebrados terrestres. Estima-se que anualmente cerca de 473 milhões de vertebrados sejam vítimas de atropelamento nas estradas brasileiras. Os atropelamentos podem resultar em uma redução na dimensão das populações naturais e um aumento do risco de extinção. O presente estudo foi realizado em três áreas inseridas no Bioma Pampa, no oeste do Rio Grande de Sul: área 1 - Rodovia BR-472, trecho Uruguaiana – Itaqui, (94 km); Área 2, rodovia BR-472, trecho Uruguaiana - Barra do Quarai, (69 km) e área 3 – Rodovias BR-290, BR-377 e BR-293 no trecho Uruguaiana - Santana do Livramento (227 km). Tivemos como objetivo, avaliar quais espécies de mamíferos são mais suscetíveis aos atropelamentos, diferenças na composição de espécies, variação sazonal e a influência dos habitats no entorno das rodovias sobre os atropelamentos. Foram realizadas 12 amostragens em cada uma das áreas entre abril de 2008 e março 2009, totalizando 36 amostragens. Os animais atropelados foram identificados e as características do hábitat num raio de 50 m do local de ocorrência registradas. Para verificar diferenças na composição das espécies e hábitat disponíveis entre as áreas, foi utilizado o teste G. Para testar quais variáveis ambientais (preditoras) explicariam a ocorrência de atropelamentos, realizamos uma regressão logística para cada espécie com no mínimo 20 registros, comparando os pontos de registros com os pontos escolhidos aleatoriamente. Foram realizados 433 registros de atropelamentos de mamíferos silvestres, pertencentes a 17 espécies. Com base nesses registros e na malha rodoviária local, estimamos que cerca de 6.837 mamíferos morram atropelados todos os anos na região dos campos da campanha. A ordem Carnivora foi a mais registrada (66,9%), seguida de Didelphimorphia (12,3%), Cingulata (9%), Rodentia (6,5%) e Lagomorpha (5,3%). As quatro espécies mais atropeladas nas três áreas foram o Conepatus chinga (27,7%), seguido de Cerdocyon thous (15,2%), Lycalopex gymnocercus (13,9%) e Didelphis albiventris (11,1%). A composição das 11 espécies mais abundantes variou entre as áreas de amostragem (teste G; G = 70.27; gl = 20, p <0.001). No entanto, não houve diferenças significativas em relação à proporção de tipos de habitats do entorno (plantações, campos limpos, campos sujos, matas ciliares e corpos d’água próximos) nas três áreas (G = 10.59; gl = 8, p <0.226). Sugerindo que outros fatores não avaliados no estudo estejam influenciando no resultado, como por exemplo: diferenças na intensidade do tráfego ou velocidade dos veículos nos trechos analisados. Já a distribuição de registros das espécies entre as estações foi significativamente diferente (G = 80.88; gl = 30, p <0,001), com uma maior incidência de atropelamentos de Conepatus chinga no inverno, de tatus (Euphractus sexcinctus, Dasypus novencinctus e Dasypus. septemcinctus) na primavera e de Didelphis albiventris no outono. Os mamíferos atropelados foram registrados com maior frequência em áreas de campo sujo, indicando a importância desse tipo de ambiente para a conservação desses animais no bioma Pampa.
Palavras-chave
Fauna atropelada, campo sujo, conservação, Pampas, ecologia de estradas
Financiamento
Santander, Unisinos, CNPq
Área
Ecologia
Autores
Joceleia Gilmara Koenemann, Luis Renato Rezende Bernardo, Emerson Monteiro Vieira