X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MAMIFEROS DA CAATINGA DE ASSU, RIO GRANDE DO NORTE

Resumo

O conhecimento sobre a mastofauna da Caatinga tem aumentado consideravelmente nas últimas duas décadas, mas muitas áreas permanecem subamostradas, como é o caso do Estado do Rio Grande do Norte. Neste trabalho apresenta-se a lista de mamíferos registrados nas áreas de influência da Central Fotovoltaica Assú V e sua Linha de Transmissão (empreendimentos da Engie Brasil Energia S.A.), e na Floresta Nacional de Açu, município de Assú/RN (5°34’38”S / 36°50'30”O; datum WGS84). A área de estudo está inserida na ecorregião da Depressão Sertaneja Setentrional, apresentando uma vegetação de Caatinga arbustiva a arbórea, mas que se encontra atualmente muito impactada por ação antrópica. Nove campanhas de amostragem e duas atividades de resgate de fauna foram realizadas de março a dezembro de 2017. Foram empregados os métodos de observação direta e levantamento de vestígios (cerca de 1.600 horas de esforço amostral); levantamento de mamíferos atropelados (4.700 quilômetros percorridos); armadilhas fotográficas (14 pontos amostrais; 506 armadilhas-dia); armadilhas de interceptação e queda (5 pontos; 729 baldes-noite); armadilhas do tipo gaiola (8 pontos; 2.000 armadilhas-noite); redes de neblina (5 pontos; 77.640 m².h); e busca por colônias de quirópteros (método não sistematizado). Análises moleculares foram realizadas para confirmar a identificação dos mamíferos não voadores. As capturas foram realizadas com base nas autorizações nº 0020/2016 e 0057/2017, emitidas pelo IDEMA/RN, e 58431-1 emitida pelo ICMBio. Espécimes-testemunhos foram depositados nas coleções da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal/RN, e da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis/SC. Foram registradas 23 espécies das ordens Didelphimorphia (Didelphis albiventris, Gracilinanus agilis, Monodelphis domestica), Pilosa (Tamandua tetradactyla), Cingulata (Euphractus sexcinctus), Primates (Callithrix jacchus), Carnivora (Cerdocyon thous, Leopardus emiliae, Puma yagouaroundi, Conepatus amazonicus, Galictis cuja, Procyon cancrivorus), Chiroptera (Peropteryx macrotis, Pteronotus personatus, Artibeus planirostris, Glossophaga soricina, Trachops cirrhosus, Myotis nigricans) e Rodentia (Galea spixii, Calomys expulsus, Wiedomys cerradensis, Thrichomys laurentius, Rattus rattus), além de cinco espécies domésticas (Equus asinus, Bos taurus, Ovis aries, Canis familiaris, Felis catus). Cerdocyon thous apresentou o maior número de registros independentes nas armadilhas fotográficas. Gracilinanus agilis foi a espécie mais capturada entre os pequenos mamíferos não voadores e Artibeus planirostris foi o morcego com maior número de capturas em redes de neblina. A riqueza de mamíferos registrada em Assú é similar àquela obtida em outros levantamentos de curto a médio prazo realizados na Caatinga. No entanto, o baixo número de espécies de morcegos e ausência de algumas espécies de mamíferos cinegéticos de médio e grande porte possivelmente refletem as alterações ambientais locais, influenciadas pela perda e alteração da vegetação nativa, pela pressão de caça e presença de espécies domésticas.

Palavras-chave

Levantamento, Mastofauna, Nordeste, Semiárido

Financiamento

Área

Inventário de Espécies

Autores

Jorge José Cherem, Karlla Morganna da Costa Rêgo, Luiz Fernando Clemente Barros, Luiz Guilherme Marins de Sá, Rodrigo Rodrigues Cancelli, Roger Rodrigues Guimarães, Luís Augusto Reginato Costa