X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

PADROES DE DISTRIBUIÇAO DE MORCEGOS NA MATA ATLANTICA

Resumo

<p>A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e&nbsp; ameaçados, é divida em dez distintas ecorregiões que devem ser unidades melhores representantes de biotas únicas, de forma a facilitar o planejamento de estratégias conservacionistas. Assim, esperamos que as ecorregiões representem o turnover das espécies de morcegos, o que ainda não foi testado.&nbsp;Estudos em menor&nbsp;escala na amazônia,&nbsp;demonstram&nbsp;similaridade entre 50 a 60% na composição de morcegos entre locais. No pantanal, não foram encontradas diferenças significativas na riqueza entre subregiões. Nosso objetivo foi avaliar como os morcegos estão distribuídos ao longo da Mata Atlântica e quais são os preditores dessa distribuição. &nbsp;Utilizamos 2634 dados de presença em 526 locais. As ocorrências foram extraídas de Muylaert et al., (2017) e&nbsp; speciesLink. Os preditores&nbsp;consistem de 19 variáveis ​​bioclimáticas, altitude, declividade e cobertura florestal, retirados do AMBDATA. Utilizamos o índice de Sorensen e Simpson, para calcular o turnover e aninhamento da beta diversidade. Realizamos um Modelo de Dissimilaridade Generalizado (GDM), para prever padrões de turnover na composição de assembleias com base nos preditores. A distância geográfica foi calculada como uma das preditoras. As análises foram realizadas no software R-project. Compilamos a&nbsp;distribuição de 59 espécies. A ecorregião Bahia Costa é a mais rica (89,83%), seguida pela Serra do Mar (76,27%), Bahia Interior (64,40%), Alto Paraná (62,71%), Pernambuco Costa (54,23%), Restinga (32,20%), Pernambuco Interior (30, 50%), Araucária (28,81%) e Campos Rupestres (25,42%). A dissimilaridade média entre as ecorregiões foi de 0,65. O turnover representou 55,63% e o aninhamento&nbsp;44,37%. O cluster de turnover&nbsp;e a GDM indicaram três grupos que separam a Mata Atlântica nas regiões sul, centro&nbsp;e norte. O&nbsp;turnover foi importante para explicar a dissimilaridade entre regiões mais distantes, enquanto o aninhamento,&nbsp;nas ecorregiões vizinhas. A GDM explicou 40% do turnover, sendo&nbsp;distância geográfica, altitude, precipitação e temperatura, as&nbsp;variáveis com maior poder preditivo. A Bahia Costa é a única ecorregião com espécies específicas: <em>Artibeus gnomus</em> e <em>Glyphonycteris daviesi</em>. No entanto, em escala maior, a região central da Mata Atlântica (Bahia Costa mais Bahia Interior e Restinga) possui mais três espécies específicas: <em>Dryadonicteris capixaba</em>, <em>Micronycteris schmditorum</em> e <em>Uroderma bilobatum</em>. Os grandes remanescentes&nbsp;no sul da Mata Atlântica, aliados&nbsp;a capacidade de voo dos morcegos, podem sustentar a conexão e turnover das populações próximas. A falta de fragmentos grandes entre a região da Serra do Mar e da Bahia, dificulta a dispersão, desconectando as regiões sul, centro e norte do bioma. Clima frio, altas altitudes e baixa precipitação, limitam a distribuição das espécies. Embora esse estudo tenha sido capaz de descrever padrões e apontar possíveis determinantes da distribuição das espécies, nós não consideramos a abundância. Pode ser que existam espécies que são mais específicas de uma ecorregião em detrimento de outra, como já foi testado e confirmado para aves do sul da Mata Atlântica, por exemplo. Ainda que existam áreas com défict amostral,&nbsp;nossos pontos estão bem espalhados&nbsp;entre ecoregiões. Assim, acreditamos que nossos resultados reflitam de fato padrões de beta diversidade, apesar dos&nbsp;vieses amostrais.</p>

Palavras-chave

<p>Chiroptera; Beta diversidade; Ecorregiões</p>

Financiamento

<p>CAPES, Fundação Araucária e CNPQ</p>

Área

Ecologia

Autores

Carolina Blefari Batista, Isaac Passos de Lima, Marcos Robalinho Lima