X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

PREAS (CAVIA APEREA) APRESENTAM MUDANÇA MORFOLOGICA RAPIDA?

Resumo

Atualmente, os impactos antrópicos exercem enorme efeito sobre o ambiente. Organismos que conseguem responder a esses impactos possuem grande vantagem adaptativa. Roedores são bons modelos para estudos de alterações fenotípicas, devido sua capacidade de adaptação e alta variação morfológica. Contudo, trabalhos estudando mudança morfológica rápida são mais frequentes em ilhas do que em continentes. Esse tipo de estudo é importante para ressaltar os possíveis efeitos do Antropoceno sobre os organismos. O presente trabalho avaliou se há mudança de forma e tamanho do crânio de Cavia aperea nos últimos 100+ anos. A amostra provém de coleções científicas e consiste de 56 crânios de C. aperea coletados no norte da Argentina desde 1900. O espaço de tempo de 119 anos foi dividido em 4 períodos: 1900-1929 (N=7), 1930-1959 (N=12), 1960-1989 (N=24) e 1990-2019 (N=13). Os crânios foram comparados através de procedimentos de morfometria geométrica. Estes foram fotografados na vista dorsal, com uma distância padrão de 18cm e 31 marcos anatômicos foram digitalizados sobre cada indivíduo. Esses marcos foram sobrepostos através de GPA (Análise Generalizada de Procrustes) para remoção dos efeitos não relacionados a forma. O tamanho do centroide foi utilizado como variável de tamanho e os resíduos de Procrustes com variável de forma. Os grupos de indivíduos foram comparados entre si quanto ao tamanho, através de teste de Kruskal Wallis. Foi feita análise de alometria para verificar se a variação de forma é direcionada pela variação de tamanho. Quanto à forma, os grupos foram comparados através de PCA (Análise de Componentes Principais), MANOVA (Análise Multivariada da Variância) e CVA (Análise de Variáveis Canônicas). Todas as análises foram realizadas na plataforma R. Não foi observada diferença significativa de tamanho entre os grupos. Foi observada presença de alometria, assim, as demais análises foram conduzidas após a remoção do efeito alométrico. Não houve estruturação na forma do crânio entre os períodos, pois foi observada uma grande sobreposição na PCA. Não foi constatada diferença de forma entre os períodos. A CVA também apresentou grande sobreposição no espaço de forma. Portanto, os indivíduos não apresentam alterações de tamanho nem de forma entre os períodos avaliados. O tempo e os impactos antrópicos desse período parecem não ser fatores direcionadores para a variação morfológica de C. aperea na Argentina. Ou ainda, esse período pode não ser tempo o suficiente para que ocorra uma resposta na morfologia frente aos efeitos do Antropoceno. Assim, é possível afirmar que esses indivíduos não apresentam mudança morfológica rápida. Por fim, conclui-se que crânios de C. aperea coletados no início do século XX podem ser comparados com material atual, sem que o tempo atue como um viés.

Palavras-chave

Morfometria geométrica, Alteração fenotípica, Antropoceno, Evolução

Financiamento

Apoio CAPES e CNPq.

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Thuany Regina Milesi, Rodrigo Fornel