X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

DISTRIBUIÇAO ESPACIAL DE AMOSTRAS FECAIS E INTENSIDADE DE USO DO ESPAÇO POR FELINOS EM REMANESCENTE DE MATA ATLANTICA

Resumo

<p>Os felinos estão cada vez mais confinados em manchas favoráveis de habitat onde encontram condições adequadas, principalmente, quanto à disponibilidade de presas e refúgios. Nessas áreas é comum a detecção de pegadas, fezes e arranhados, os quais podem representar elementos de marcação territorial. A avaliação da distribuição espacial de amostras fecais está entre os métodos mais accessíveis para determinar como felinos se distribuem e utilizam o espaço, ressaltando seu hábito discreto e preferencialmente noturno, bem como a baixa densidade populacional típica desses predadores. O presente estudo objetivou, por meio da avaliação da distribuição de amostras fecais, determinar se há variação na intensidade de uso do espaço por felinos na Reserva Natural Vale (RNV; Linhares/ES). A detecção de vestígios se deu por transecções realizadas ao longo de estradas não pavimentadas internas à RNV e que percorrem as diferentes subáreas da reserva (norte, sul e oeste). As amostragens foram realizadas entre maio de 2017 e dezembro de 2018, considerando quatro dias por mês. Cada amostra fecal teve sua localização geográfica registrada com GPS. A identificação da espécie depositante foi confirmada com base na análise microestrutural de pelos-guarda ingeridos durante autolimpeza. As amostras foram contabilizadas por espécie e por subárea de estudo, sendo então calculada a taxa de registro dividindo a distância total percorrida (em km) pelo número de amostras fecais detectadas em cada caso. Foram percorridos 1.668 km, sendo 45,9% na subárea norte (765 km), 29,7% na sul (496 km) e 24,4% na oeste (407 km). Considerando a distribuição das amostras de felinos como um todo (n=147; 11,4 km/amostra), a subárea sul apresentou maior número de vestígios por quilometro percorrido (n=57; 8,7 km/amostra), seguida da norte (n=70; 10,9 km/amostra) e da oeste (n=20; 20,4 km/amostra). Foram detectadas 95 amostras fecais de jaguatirica (<em>Leopardus pardalis</em>; 17,6 km/amostra), distribuídas principalmente na subárea sul (n=44; 11,3 km/amostra), sendo a taxa de registro menos variável entre a norte (n=34; 22,5 km/amostra) e a oeste (n=17; 23,9 km/amostra). Foram obtidas 44 amostras fecais de onça-pintada (<em>Panthera onca</em>; 37,9 km/amostra), as quais foram detectadas em maior proporção na subárea norte (n=31; 24,7 km/amostra), seguida da sul (n=11; 45,1 km/amostra), com taxa de registro muito baixa na oeste (n=2; 203,5 km/amostra). Também foram detectadas amostras de onça-parda (<em>Puma concolor</em>; n=5; subárea norte), gato-mourisco (<em>Herpailurus yagouaroundi</em>; n=2; subárea sul) e gato-do-mato-pequeno (<em>Leopardus guttulus</em>; n=1; subárea oeste). Embora a amostragem tenha sido restrita às estradas internas (facilidade de encontro de vestígios), os resultados sugerem que a intensidade de uso das subáreas da RNV por felinos pode ser diferenciada, ressaltando a melhor taxa de registro de jaguatirica na subárea sul, que apresenta maior proporção de áreas abertas naturais, e de onça-pintada na subárea norte, que possui maior concentração de corpos d’água. A análise da distribuição espacial de amostras fecais pode fornecer informações importantes sobre a utilização de determinada área por felinos, indicando os locais com uso mais intenso e, portanto, mais propícios para encontro de vestígios, auxiliando também na seleção de locais favoráveis à aplicação futura de outros métodos de amostragem.</p>

Palavras-chave

<p>Felidae, Taxa de registro, Uso do habitat, Vestígios.</p>

Financiamento

<p>FAPES-VALE (Projeto 510/2016) e UVV (Projeto M01-2017PI002)</p>

Área

Ecologia

Autores

Hilton Entringer Jr, David Costa-Braga, Gustavo Brito-Santos, Joyce Gonçalves dos Santos, Laura Martins Magalhães, Laysa Andrade, Suéli Huber, Ana Carolina Srbek-Araujo