Dados do Trabalho
TÍTULO
EVOLUÇAO DO DIMORFISMO SEXUAL DE TAMANHO EM CARNIVORA
Resumo
Entender os processos que promovem a diferença fenotípica entre os sexos têm provocado a curiosidade dos biólogos desde os primeiros estudos de Darwin sobre seleção sexual. O dimorfismo sexual pode ser definido como características que diferenciem indivíduos machos e fêmeas, podendo estar relacionado à coloração, presença/ausência de chifres, pelos em regiões específicas ou tamanho dos indivíduos. Por ser uma das características mais relevante para caracterização dos seres vivos, o dimorfismo sexual de tamanho (SSD) vem ganhando notoriedade no meio científico. Entretanto a origem e os processos que dirigem o aumento e diminuição do SSD parecem ser complexos. Uma das possíveis explicações para o SSD, seria a regra de Rensch que prediz o aumento do SSD com o crescimento do corpo para as espécies em que os machos são maiores, e uma diminuição de SSD nas espécies onde as fêmeas são maiores. O presente trabalho tem como objetivo analisar o tempo e o modo de evolução do SSD dentro da ordem Carnivora. Foram coletados dados de massa corporal para 214 espécies, de indivíduos machos (M) e fêmeas (F), da ordem Carnivora. O SSD foi quantificado a partir da razão da massa corporal de M/F. Para testar a regra de Rensch foi feita uma análise de RMA filogenética entre o log10(F) e log10(M), sendo testado se o slope é diferente de 1, onde um slope maior a 1 indica que as linhagens seguem a regra de Rensch. A análise de RMA filogenética foi feita para toda a ordem e as famílias que tinham um mínimo de 15 espécies (Canidae, Otariidae, Mustelidae, Phocidae, Felidae, Viverridae e Herpestidae) com auxílio do pacote phytools. Posteriormente, foram comparados quatro modelos evolutivos (BM, OU, Trend, White) para o tamanho do M, F e SSD utilizando o pacote geiger. Todas as análises foram realizadas no software R 3.6.0. Nossas análises do RMA mostraram que a ordem Carnivora segue um padrão inverso à regra de Rensch (diminuição do SSD com aumento do tamanho corporal, b=0,94; p<0,05), ao igual que a família Mustelidae (b=0,89; p<0.01). Em contraste, a família Phocidae seguiu o padrão proposto por Rensch (b=1,39; p<0,05). As restantes famílias não mostraram um beta diferente de 1 (p>0,05). Interessantemente, a família Mustelidae mostrou que a massa das F e os M apresentam um modelo de evolução OU (seleção normalizadora), mas com forças de seleção mais intensa nas F (alfa=0.18). Já a família Phocidae mostrou que a massa das F e M apresentam um modo de evolução de BM (única família com esta tendência), mas com uma taxa de evolução nos M duas vezes maior que nas F. Nossos resultados mostram em diferentes escalas filogenéticas que a Regra de Rensch é uma exceção e não uma regra dentro dos carnívoros. Entretanto, quando o tamanho corporal de ambos os sexos seguem um modelo de evolução neutra mas com taxas evolutivas diferentes podem levar a apresentar o padrão proposto por Rensch. Assim, os resultados deste trabalho trazem um aporte importante para a compreensão do tempo e modo de evolução do SSD.
Palavras-chave
Mammalia, regra de Rensch, tamanho corporal
Financiamento
CNPq
Área
Evolução
Autores
Vítor Fellipe Fonseca de Almeida, Jennifer Suiany Goes Reis, Elisa Cravo, Pablo Ariel Martinez