Dados do Trabalho
TÍTULO
OLEOS ESSENCIAIS DE FRUTOS CONSUMIDOS POR MORCEGOS: EXISTE ALGUM PADRAO?
Resumo
<p>Os compostos orgânicos voláteis (VOCs) são importantes na comunicação mutualística entre plantas e dispersores, particularmente em se tratando de morcegos frugívoros, uma vez que estes animais utilizam principalmente o olfato na seleção dos frutos. Apesar disso, poucos são os trabalhos que buscam entender quais são os compostos envolvidos na atração, sendo as publicações desta área mais relacionadas com à emissão de compostos induzidos pela herbivoria que facilitam a comunicação entre plantas ou nos sequioquímicos atraentes aos polinizadores. Por essa razão, este estudo buscou responder às seguintes questões: i. os frutos mais consumidos por um gênero de morcego apresentam compostos comuns nos seus óleos essenciais?; e, ii. os óleos essenciais dos frutos preferenciais apresentam particularidades ou compostos-chave que os identificam para os morcegos frugívoros? Para tanto, analisamos a composição dos óleos essenciais de 12 espécies de frutos classificados em preferenciais, consumidos e não consumidos pelos três gêneros mais abundantes de filostomídeos frugívoros - <em>Artibeus</em>, <em>Carollia</em> e <em>Sturnira</em> - a partir de dados coletados entre os anos de 2000 e 2008 em fragmentos de Floresta Atlântica no município de Fênix, Paraná, Brasil. Para a análise química, foram extraídos os óleos essenciais destes frutos por meio de hidrodestilação e para a comparação de sua composição foi utilizada a cromatografia gasosa. A correlação entre a escala de consumo das espécies de frutos pelos gêneros de morcegos e as variáveis (compostos) foi realizada por meio de uma<em> Partial Least Squares</em> (PLS) e o <em>Two-Way</em> ANOVA para comparar os compostos importantes resultantes da PLS para cada gênero de morcego entre as espécies de frutos.Ao todo foram detectados 145 compostos nos óleos essenciais: <em>Campomanesia xanthocarpa</em> apresentou o maior número de compostos (n = 77), seguido de <em>Ficus glabra</em> (n = 41) e <em>Piper gaudichaudianum </em>(n = 41), <em>Cecropia glaziovii</em> (n = 37), <em>F. insipida </em>(n = 36), <em>P. hispidum</em> (n = 35), <em>Solanum caavurana </em>(n = 34), <em>Psychotria carthagenensis</em> (n = 26), <em>Morus nigra</em> (n = 17), <em>Psidium guajava </em>(n =12), <em>Euterpe edulis</em> (n = 7) e <em>S. granulosoleprosum</em> (n = 6). Os resultados mostraram que os frutos preferidos pelos morcegos apresentam similaridades na composição dos seus VOCs e que alguns compostos se destacam entre esses frutos, como Óxido de cariofileno, Juniperol, Guaia-3,9-dien-11-ol <cis->, Longifolol e Khusimol. As classes dos compostos em destaque pertencem aos fenóis, cetonas, monoterpenos e sesquiterpenos, com destaque para o último, com particularidades para cada análise. Os dados deste estudo trazem importantes contribuições ao estudo das interações animal-planta e à ecologia química, além de confirmar as hipóteses supracitadas. Estes resultados trazem avanços na elucidação dos mecanismos de comunicação entre animais e plantas e de atração dos frutos em relação a morcegos dispersores. Cabe ressaltar que novos estudos devem ser realizados de modo entender a função dos compostos aqui destacados, além de testá-los frente aos morcegos frugívoros, analisando sua percepção, especificidade da identificação e resposta ao emissor.</cis-></p>
Palavras-chave
<p>Chiroptera, compostos orgânicos voláteis, frugivoria, olfato, terpenóides</p>
Financiamento
<p>Este trabalho foi conduzido durante o período em que LCP foi bolsista de Doutorado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.</p>
Área
Ecologia
Autores
Lays Cherobim Parolin, Fabricio Augusto Hansel, Gledson Vigiano Bianconi, Sandra Bos Mikich