X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MONITORAMENTO DE MAMIFEROS TERRESTRES E ANALISE DE FRUGIVORIA EM UMA REA DE RESTAURAÇAO FLORESTAL

Resumo

<p>A Mata Atlântica brasileira, considerada um hotspot mundial de biodiversidade, tem se tornado um vasto campo de estudo para as ciências da restauração florestal. Restaurar a funcionalidade dos ecossistemas, entretanto, é um desafio que vai além do reflorestamento ou da reconstituição da comunidade vegetal em áreas que sofreram impactos antrópicos. Para isso, compreender e avaliar o papel da fauna como propulsora da regeneração natural e mantenedora das funções ecológicas da área tem se tornado imprescindível. Diante disso, nosso objetivo foi identificar e monitorar as espécies de mamíferos terrestres que ocorrem em uma área de restauração florestal e analisar suas relações de frugivoria. Para isso, instalamos mensalmente 10 armadilhas fotográficas em trilhas, no interior dos plantios e de fragmentos nativos e três sob árvores de frutos carnosos que estivessem frutificando, a fim de registrar as espécies que visitam e consomem frutos. Realizamos também busca ativa por trilhas e estradas para detectar rastros e vestígios de mamíferos. Os dados foram coletados entre agosto de 2016 e outubro de 2018 no Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica – HEINEKEN Brasil (~500 ha), área com 11 anos de restauração no município de Itu. Nós obtivemos um esforço amostral de 4.825 câmeras/dia para o monitoramento e 2.220 câmeras/dia para a observação de frugivoria em 12 espécies arbóreas; e percorremos 285 km para os registros de busca ativa. Nós registramos 21 espécies de mamíferos de médio e grande porte (16 nativas e 5 exóticas), o que representa 48,5% da riqueza esperada para a região. A riqueza estimada pelo Jacknife de 1ª ordem, contudo, chegou a 27 espécies. Das espécies registradas, seis encontram-se ameaçadas de extinção: Chrysocyon brachyurus (BR, SP), Puma concolor (BR, SP), Leopardus guttulus (BR, SP), Puma yagouaroundi (BR), Leopardus pardalis (SP) e Lontra longicaudis (SP). As espécies com maior frequência de registros foram Cerdocyon thous, Didelphis albiventris e Hydrochoerus hydrochaeris. Dentre as que visitaram fruteiras, o D. albiventris foi o que mais removeu frutos, seguido do C. thous e de pequenos roedores. As espécies de plantas que mais tiveram frutos removidos foram Syagrus romanzoffiana (26 visitas de frugivoria), Myrciaria cauliflora (4), Genipa americana (2) e Ficus sp (2). A diversidade de interações de frugivoria foi de 1.08 (Shannon), sendo que as atividades de frugivoria registradas foram poucas e as espécies que removeram frutos (D. albiventris e os pequenos roedores) são majoritariamente predadores de sementes, com exceção do C. thous, que pode de fato contribuir para a dispersão efetiva das sementes. A área de estudo carece de uma diversidade de espécies de frutos carnosos atrativos à fauna, o que pode estar comprometendo a presença e manutenção dos mamíferos frugivoros no local. Ressaltamos que a continuidade do monitoramento possibilitará a coleta de mais informações sobre o papel efetivo da fauna para a frugivoria e o estado de conservação das espécies presentes na área de estudo. A partir dos resultados futuros, poderemos propor melhorias nas técnicas de restauração, a fim de proporcionar não somente a restauração da fisionomia vegetal, mas também da funcionalidade desse ambiente.</p>

Palavras-chave

<p>Mata Atântica; reflorestamento; armadilhas&nbsp;fotográficas; frugiviros.&nbsp;</p>

Financiamento

<p>Fundação SOS Mata Atlântica</p>

Área

Ecologia

Autores

Leticia Prado Munhoes, Daiane Cristina Carreira, Marcelo Magioli, Roberta Montanheiro Paolino, Vinicius Alberici, Yara Cristofoletti, Laís Olbrick Rodrigues Menossi, Danilo Nascimento de Lima, Aretha Medina Oliveira Marin, Katia M. P. M. de B. Ferraz