X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

TAXA DE INFESTAÇAO DE ECTOPARASITOS (DIPTERA, STREBLIDAE) EM DUAS ESPECIES DE MORCEGOS (CHIROPTERA: PHYLLOSTOMIDAE) QUE UTILIZAM DIFERENTES TIPOS DE ABRIGO

Resumo

Morcegos desenvolveram diversas interações ecológicas, entre elas, está a relação com seus ectoparasitos. A composição e dispersão destes organismos podem ser influenciadas por diferentes atributos, como a ecologia de abrigos. Os tipos de abrigo e hábitos de empoleiramento dos hospedeiros podem influenciar diretamente na sua taxa de infestação. O presente estudo teve como objetivo avaliar a taxa de infestação de ectoparasitos em duas espécies de morcegos, as quais utilizam diferentes tipos de abrigos. O estudo foi realizado em duas áreas inseridas no bioma Mata Atlântica, na formação de Floresta Ombrófila Densa Submontana, no sul do estado de Santa Catarina. Em ambas as áreas as amostragens ocorreram entre os meses de setembro de 2016 à julho de 2017, com média de quatro noites de captura em cada mês. Para a captura dos morcegos foram utilizadas 10 redes de neblina (duas de 12 x 2,5m; quatro de 9 x 2,5m e; quatro de 6 x 2,5m), abertas no início do crepúsculo, permanecendo assim por seis horas. Todos os morcegos capturados foram alocados em sacos de tecido e encaminhados a base de campo para checagem da presença ou ausência de ectoparasitos. Os Streblidae quando encontrados  foram coletados com pinças e armazenados em eppendorf com álcool 70%. Os ectoparasitos foram levados ao Laboratório de Zoologia e Ecologia de Vertebrados (UNESC), onde foram identificados com auxilio de microscópico estereoscópio. Para cada espécie foram calculados os índices de prevalência (P) e intensidade média de infestação (IM), utilizando o programa Quantitative Parasitology 3.0. Para determinar se os valores de P e IM diferiram entre as espécies foi utilizado o teste de qui-quadrado (χ 2 ), com significância de 0,05. Foram capturados 54 indivíduos de Carollia perspicillata e destes, 33 estavam parasitados, e 146 indivíduos de Artibeus lituratus, sendo 42 parasitados. Carollia perspicillata apresentou interação com quatro espécies de ectoparasitos: Megistopoda proxima, Metelasmus pseudopterus, Strebla guagiro e Trichobius joblingi. Já A. lituratus apresentou interação com duas espécies de ectoparasitos: Paratrichobius longricus e Strebla guajiro. Em relação aos índices, C. perspicillata obteve P=61,10 (46,87 – 74,09) e IM=2,06 (1,58 – 2,79), já A. lituratus obteve P=28,80 (21,58 – 36,84) e IM=1,93 (1,57 – 2,45). Para prevalência houve diferença na comparação entre as espécies (χ²=11,605; gl=1; p=0,001). Essa característica pode estar associada a ecologia de abrigos destas espécies, a qual apresenta características diferentes. Para C. perspicillata à registro de grandes colônias estabelecidas, geralmente, em cavernas e fendas de rochas. Estes indivíduos apresentam maior fidelidade aos abrigos. Já A. lituratus tende a formar pequenos agrupamentos, em abrigos efêmeros, normalmente folhagens. Colônias maiores, encontradas em abrigos mais estáveis propiciam uma melhor qualidade de vida aos ectoparasitos, aumentando sua população, e consequentemente, sua taxa de infestação sobre os morcegos. Diferentemente de espécies de morcegos que trocam de abrigo com maior frequência, quebrando o ciclo de vida destes ectoparasitos.

Palavras-chave

Artibeus lituratus, hospedeiro, Mata Atlântica, parasitos, Sturnira lilium

Financiamento

Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – Edital 06/2016 - Termo de outorga 2017TR1706.

Área

Ecologia

Autores

Luana Silva Biz, Beatriz Fernandes Lima Luciano, Karolaine Porto Supi, Isadora Hobold Dal Magro, Gustavo Graciolli, Fernando Carvalho