X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MAMIFEROS DE PEQUENO, MEDIO E GRANDE PORTE EM FRAGMENTOS FLORESTAIS DE MATA ATLANTICA NA REGIAO SUL DO BRASIL

Resumo

As poucas informações sobre a mastofauna brasileira, aliadas à drástica redução da Mata Atlântica vem despertando o interesse dos pesquisadores nos últimos anos. A Mata Atlântica está atualmente reduzida a cerca de 8% do seu tamanho original, sendo o aumento de áreas agrícolas um dos principais fatores que contribuem para este processo de redução e fragmentação da floresta. A redução da cobertura florestal resulta no isolamento de fragmentos florestais, com alterações nas densidades populacionais e na estrutura das comunidades animais. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade, riqueza e composição de espécies de mamíferos de pequeno, médio e grande porte em uma região altamente fragmentada de Mata Atlântica. Para isso, foram selecionados seis fragmentos florestais na região norte do Estado do Rio Grande do Sul, uma região caracterizada por pequenos fragmentos florestais inseridos em uma matriz de monocultura de soja. A amostragem da fauna de pequenos mamíferos foi realizada entre os meses de julho e dezembro de 2018. Foram estabelecidos três transectos com oito pontos amostrais em cada fragmento, sendo estes amostrados por meio de armadilhas do tipo live trap, padrão Tomahawk, por 10 dias consecutivos em cada mês. Para a amostragem dos mamíferos de médio e grande porte foram utilizados três pontos amostrais com armadilhas fotográficas nos mesmos fragmentos, sendo estas dispostas próximas a corpos de água ou em locais que exibiam vestígios da presença destes animais. A amostragem com as câmeras foi realizada entre os meses de julho de 2018 a abril de 2019. Foram estimadas a diversidade de Shannon, riqueza e composição de espécies para os dois grupos analisados em todos os fragmentos amostrais. Para os pequenos mamíferos, obtivemos um total de 336 capturas de três espécies pertencentes a família Cricetidae: Oligoryzomys nigripes (165), Akodon montensis (105), Sooretamys angouya (62); e uma espécie da família Didelphidae: Gracilinanus microtarsus (4). A diversidade variou entre 0.41 e 1.28 nos fragmentos para este grupo. Para os mamíferos de médio e grande porte obtivemos um total 348 registros fotográficos de 13 espécies, distribuídas em seis ordens: Carnivora (Cerdocyon thous, Eira barbara, Galictis cuja, Leopardus guttulus, Leopardus wiedii, Nasua nasua, Procyon cancrivorus), Artiodactyla (Mazama gouazoubira, Mazama nana), Cingulata (Dasypus novemcinctus), Didelphimorphia (Didelphis albiventris), Lagomorpha (Lepus europaeus) e Pilosa (Tamandua tetradactyla). A ordem Carnivora foi a mais representativa com quatro famílias e sete espécies registradas. A diversidade variou entre 1.45 e 1.83 para este grupo. Dentre os pequenos mamíferos, O. nigripes e A. montensis apresentam-se como as espécies dominantes em todos os fragmentos analisados, possivelmente por serem espécies de hábito generalista e comuns em ambientes antropizados. Apesar da influência humana, podemos afirmar que estes remanescentes florestais naturais presentes na região podem ter um papel importante na conservação de mamíferos, provavelmente porque esses fragmentos florestais podem fornecer recursos alimentares e abrigo para essas espécies. Essas observações preliminares são altamente valiosas em termos de conhecimento das espécies de mamíferos na região.

Palavras-chave

conservação, fragmentação, diversidade de espécies, região Neotropical.

Financiamento

Capes e CNPq.

Área

Biologia da Conservação

Autores

Daniele Pereira Rodrigues, Maurício Kozen, Daniel Galiano, Paulo Afonso Hartmann