X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DA PAISAGEM POR TAPIRUS TERRESTRIS, NA MATA ATLANTICA DE TABULEIROS NO ESPIRITO SANTO

Resumo

<p>Grandes ungulados, como a anta (<em>Tapirus terrestris</em>), representam um importante grupo na região Neotropical, e têm sofrido ao longo do tempo com pressões antrópicas, principalmente pela perda e fragmentação do habitat. Ainda não é bem entendido como o uso do habitat dos ungulados difere em áreas fragmentadas e não fragmentadas. Desta forma, entender os fatores que determinam a ocupação e a distribuição das espécies na paisagem é fundamental para desenvolver estratégias de manejo e conservação. Assim, o objetivo deste trabalho, foi determinar o padrão de ocupação da anta, em um dos últimos refúgios da Mata Atlântica de Tabuleiros, no norte do ES. A região é composta por um grande bloco de matas, com mais de 50.000 ha, que ainda apresenta um nível de conservação alto e a matriz florestal é circundada por diferentes cultivos agrícolas. Utilizamos dados do monitoramento com 48 armadilhas fotográficas (AF), feito durante janeiro e março de 2017. Instalamos as AFs em três diferentes habitats (floresta, plantação de eucalipto, agricultura), cuja disposição foi escolhida aleatoriamente, utilizando-se um desenho de grids de 4 km². Para estimar a ocupação da anta na paisagem estudada, utilizamos o modelo de ocupação single-species, single-season, que estima a probabilidade que uma área é ocupada durante um intervalo de tempo. Para as estimativas de ocupação, usamos cinco variáveis (a menor distância para cultivos de seringa, mamão e eucalipto, distância de estradas e pasto) e para detecção, utilizamos uma variável (menor distância de estradas). No total, obtivemos um esforço amostral de 1854 câmeras/dia e 120 registros independentes de anta, resultando em um sucesso de captura de 6,5%. &nbsp;As antas foram detectadas em 22 dos 48 pontos amostrais, onde o valor de “naive occupancy”, foi de 46%. Dos modelos testados, cinco se mostraram bons modelos (com DeltaAIC &lt; 2) para explicar a detecção e ocupação da anta. A detecção da espécie foi explicada pela variável distância da estrada, que influenciou positivamente a detecção. Já para a ocupação, a variável distância de seringueiras influenciou negativamente a ocupação, ou seja, quanto menor a distância para as seringueiras, maior a probabilidade de ocupação da anta. Por outro lado, as variáveis para distância da estrada e do pasto, influenciaram positivamente a ocupação da anta, mostrando que quanto maior a distância dessas variáveis, maior é a probabilidade de ocupação da anta. Este estudo mostra que, para o complexo florestal de Linhares-Sooretama, mesmo as antas tendo grande afinidade com ambientes florestais, elas possuem capacidade de se adaptar a ambientes com baixo grau de perturbação, como seringais, que na área de estudo estão associados a fragmentos de mata nativa. Além disso, verificamos que ambientes altamente perturbados como pastos e áreas próximas a estradas não são propícios para ocupação e detectabilidade da espécie. Deste modo, compreendemos que a antas possuem plasticidade ambiental, porém ressaltamos a necessidade da manutenção de blocos de matas íntegros para persistência da espécie na região.</p>

Palavras-chave

<p>Agricultura; estradas; modelos de ocupação; seleção de habitats; <em>Tapirus terrestris</em>.</p>

Financiamento

<p>FAPES/Vale S.A. (Termo outorga 529/2016; processo 75886634/16). Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código Financiamento 001.</p>

Área

Ecologia

Autores

Jardel Brandão Seibert, Andressa Gatti, Paula Modenesi Ferreira, Sérgio Lucena Mendes, Danielle Oliveira Moreira