Dados do Trabalho
TÍTULO
MORCEGOS DO BAIXO RIO JI-PARANA, BACIA AMAZÔNICA, RONDÔNIA, BRASIL
Resumo
A Amazônia é a mais extensa floresta tropical do planeta e possui a maior diversidade de morcegos. Contudo, é também o bioma menos conhecido do Brasil em relação à quiropterofauna, onde apenas 24% de sua extensão foi minimamente inventariada. A fim de contribuir com o aumento do conhecimento sobre a fauna de morcegos amazônicos, apresentamos os resultados preliminares de um inventário realizado na região do baixo rio Jí-Paraná, Rondônia. Entre julho de 2013 e abril de 2014 foram realizadas quatro expedições para amostragem de morcegos com método RAPELD em áreas de floresta amazônica alagável, florestas de terra firme e campinarana. Em cada campanha foram amostradas entre 26 e 30 parcelas utilizadas 10 redes-de-neblina (12×3 m) em cada parcela por duas noites. As redes permaneceram abertas por cinco horas a partir do pôr-do-sol, totalizando 387.360 m²·h. Adicionalmente, foram realizadas amostragens em sítios além dos limites das áreas do RAPELD com características propícias para a captura de quirópteros, como corpos d’agua, corredores florestais e potenciais abrigos, totalizando 27.396 m² h. Foram capturados 1.405 indivíduos de 70 espécies distribuídas em oito famílias, sendo: Emballonuridae (Centronycteris maximiliani, Cormura brevirostris, Diclidurus scutatus, Peropteryx leucoptera, P. macrotis, P. pallidoptera, P. trinitatis, Rhynchonycteris naso, Saccopteryx bilineata, S. canescens, S. leptura), Phyllostomidae (Micronycteris hirsuta, M. cf. microtis, M. minuta, Desmodus rotundus, Diaemus youngi, Chrotopterus auritus, Gardnerycteris crenulatum, Lampronycteris brachyotis, Lophostoma brasiliense, L. carrikeri, L. silvicolum, Macrophyllum macrophyllum, Phylloderma stenops, Phyllostomus discolor, P. elongatus, P. hastatus, Tonatia saurophila, Trachops cirrhosus, Anoura caudifer, Choeroniscus minor, Glossophaga soricina, Scleronycteris ega, Hsunycteris thomasi, Carollia perspicillata, C. cf. benkeithi, Trinycteris nicefori, Rhinophylla fischerae, R. pumilio, Artibeus concolor, A. lituratus, A. obscurus, A. planirostris, Chiroderma trinitatum, C. villosum, Dermanura cinerea, D. gnoma, Mesophylla macconnellii, Platyrrhinus brachycephalus, P. incarum, P. lineatus, Sturnira lilium, S. tildae, Uroderma bilobatum, U. magnirostrum, Vampyressa thyone, Vampyriscus bidens), Furipteridae (Furipterus horrens), Thyropteridae (Thyroptera tricolor), Noctilionidae (Noctilio albiventris, N. leporinus), Mormoopidae (Pteronotus rubiginosus), Molossidae (Cynomops planirostris, Molossus molossus, M. cf. pretiosus, Neoplatymops mattogrossensis, Nyctinomops laticaudatus) e Vespertilionidae (Lasiurus ega, Myotis albescens, M. riparius). As áreas florestais da região do baixo rio Jí-Paraná apresentaram uma elevada riqueza de morcegos, representando 47% de todas as espécies conhecidas para a Amazônia brasileira, incluindo espécies raras e uma ameaçada de extinção em território nacional. Ainda assim, a curva de acumulação de espécies não atingiu a assíntota, sugerindo que a continuidade da amostragem acrescentará novas espécies. O índice de Chao-1 estimou uma riqueza de espécie local de 79±2, indicando que nossa amostragem registrou cerca de 88% da riqueza local esperada. Amostragens utilizando outros métodos como redes-de-neblina instaladas no dossel florestal e bioacústica podem apresentar um maior sucesso no registro de espécies não amostradas, uma vez que grande parte da diversidade amazônica é composta por espécies frugívoras de dossel e insetívoros aéreos, raramente capturados em redes de neblina ao nível do solo.
Palavras-chave
Chiroptera; comunidade; diversidade; savana amazônica
Área
Inventário de Espécies
Autores
Vinícius Cardoso Cláudio, André Pol, Leandro Perez Godoy, Gilberto G Moresco, Luciana G N Souza, Beatris F Rosa, Priscila M Leonis, Harley Sebastião, Adriana Akemi Kuniy, Roberto Leonan Morim Novaes