Dados do Trabalho
TÍTULO
PEQUENOS MAMIFEROS NAO-VOADORES DE REMANESCENTES DE FLORESTA SEMIDECIDUAL E SISTEMAS AGROPECUARIOS DA MATA ATLANTICA DO INTERIOR DA BAHIA, BRASIL
Resumo
O bioma Mata Atlântica apresenta diferentes formações florestais baseadas em gradientes ambientais, topográficos e climáticos. Afastando-se da zona úmida costeira em direção às regiões semiáridas do interior da Bahia (oeste) é possível encontrar remanescentes de Florestas Estacionais Semideciduais, severamente fragmentadas e ameaçadas pela pressão da matriz agropecuária (pastagens). Portanto, o presente estudo analisou a composição e a estrutura da comunidade de pequenos mamíferos não-voadores (Rodentia e Didelphimorphia) em fragmentos de Floresta Semidecidual da Mata Atlântica e sistema agropecuário na região de Itapetinga, interior da Bahia. Sendo assim, foram amostradas 7 propriedades particulares contendo áreas florestais acima de 100 hectares com fitofisionomias semelhantes entre si e pastagens em seu entorno. A amostragem foi realizada em duas campanhas de campo (agosto/2018 - estação seca e fevereiro/2019 - estação chuvosa), com duração de sete dias cada. Para isso, utilizamos armadilhas de captura viva (Sherman e Tomahawk – 75 por área) e de interceptação-e-queda (Pitfalls - 4 baldes por área), totalizando um esforço amostral de 7.350 armadilhas de captura viva-noite e 392 baldes-noite. Os espécimes foram coletados e depositados na Coleção de Mamíferos “Alexandre Rodrigues Ferreira” (CMARF- UESC). Ao todo, foram capturados 679 indivíduos, sendo 423 roedores e 256 marsupiais. Entre os roedores estiveram presentes sete espécies: Necromys lasiurus (n=92), Calomys cf. expulsus (n=116) Calomys cf. tener (n=4), Oligoryzomys nigripes (n=49), Oligoryzomys cf. flavescens (n=6), Cerradomys vivoi (n=140) e Rhipidomys mastacalis (n=15). Enquanto, para os marsupiais quatro espécies foram capturadas: Didelphis albiventris (n=125), Marmosops incanus (n=104), Gracilinanus microtarsus (n=26) e Monodelphis domestica (n= 1). Todas as espécies foram capturadas no interior do fragmento florestal com exceção do Calomys cf. tener e seis espécies foram capturadas também nos pastos: N. lasiurus, Calomys cf. expulsus, O. nigripes, C. vivoi e D. albiventris, estando de acordo com cada seleção de habitat ou característica generalista da espécie. Notamos que na campanha chuvosa as fêmeas de D. albiventris, M. incanus e C. vivoi, estavam em período gestacional ou pós gestacional. O maior número de capturas ocorreu na primeira campanha (estação seca) provavelmente pela maior disponibilidade de recursos alimentares gerados após o último período chuvoso. Entretanto, vale ressaltar que o período entre as campanhas, as localidades de estudo sofreram grande interferência humana no que diz respeito a incêndios e extração de madeira, interferindo possivelmente na redução de capturas, principalmente nas áreas abertas durante a campanha chuvosa. Nenhuma espécie mencionada encontra-se ameaçada de extinção, é exótica e invasora. Os resultados obtidos alertam para a necessidade de intensificar os estudos com pequenos mamíferos não-voadores em áreas do interior da Bahia, a fim de compreender melhor a dinâmica populacional das espécies locais e elucidar problemas taxonômicos regionais.
Palavras-chave
Rodentia, Didelphimorphia, uso do solo, inventário.
Financiamento
(UESC-PROPP # 00220.1100.1905) e CAPES
Área
Inventário de Espécies
Autores
Beatris Felipe Rosa, Elson Oliveira Rios, Fernanda Natascha Pimentel Freitas, Maycon Felipe Costa Santos, Luana Karla Nogueira de Santana Souza Santos, Olavo Nardy, Martin Roberto Dell Valle Alvarez