X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

FELINOS NEOTROPICAIS COMO HOSPEDEIROS DE AGENTES ZOONOTICOS NO BRASIL

Resumo

Os mamíferos possuem um papel central no ciclo de várias zoonoses, o estudo de sua prevalência e distribuição é extremamente importante para prevenir surtos e criar profilaxias. Os carnívoros da família Felidae têm o gato doméstico como principal representante nos estudos zoonóticos. Já no ciclo silvestre, as espécies de felinos estão tendo cada vez mais contato com os humanos, principalmente devido à redução dos ambientes naturais, à busca por alimentos em áreas rurais e à caça ilegal. Essa proximidade pode expor o homem ao compartilhamento de vários patógenos. O objetivo do presente estudo foi levantar a participação das espécies de felinos silvestres do Brasil em ciclos zoonóticos, a partir do levantamento na literatura e utilizando um conjunto pré-definido de palavras-chaves. Foram encontrados registros de 15 zoonoses para nove espécies de felinos silvestres, divididas em duas causadas por vírus, duas por nematoides, três por protozoários e oito por bactéria. As doenças causadas por vírus foram a raiva e o vírus da encafalomielite equina, essa com apenas um registro, na espécie Panthera onca. As zoonoses causadas por protozoários foram a doença de Chagas, a leishmaniose e a toxoplasmose, sendo a última uma das mais bem pesquisadas e com maior número de registros; um resultado esperado devido os felinos serem o único hospedeiro definitivo do agente. Dentre as zoonoses causadas por bactérias, destacam-se a leptospirose e a brucelose, ambas com muitos registros na literatura, inclusive em regiões do país onde a incidência da doença humana é pouco registrada ou não há registro. As zoonoses causadas por nematoides foram toxocaríase e dirofilariose. As espécies P. onca e Leopardus pardalis apresentam maior número de registros e distribuição mais ampla de zoonoses, provavelmente devido possuírem ampla distribuição geográfica. Os registros das zoonoses em felinos não são geograficamente homogêneos, sendo as regiões Centro-Oeste e Sudeste aquelas com o maior número de pesquisas. Quanto às instituições pesquisadoras destes agentes, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP), ambas do estado de São Paulo, apresentam maior contribuição na literatura analisada. O Brasil não possui pesquisas em zoonoses com distribuição territorial homogênea, apresentando várias lacunas geográficas, sendo as regiões Norte e Nordeste as menos estudadas, apesar de possuírem as maiores áreas geográficas. O presente levantamento é uma importante ferramenta para a compreensão dos estudos zoonóticos na família Felidae no Brasil. Observa-se a importância dos membros dessa família como reservatórios de agentes de várias zoonoses importantes, embora a leptospirose apresente registro de diferentes sorovares, incluindo alguns não patogênicos ao homem. Esses resultados também trazem à luz sobre importância da preservação e manutenção dos habitats naturais dessas espécies como forma profilática destas zoonoses, tanto para os humanos quanto para os animais, uma vez que espécies de felinos tendem a ter grandes áreas de vida. A preservação de seus ambientes naturais pode minimizar possível troca de patógenos entre essas espécies e os animais domésticos e, consequentemente, com os humanos, além de diminuir a probabilidade de contato direto desses com os felinos.

Palavras-chave

Bactéria; doenças negligenciadas; Leopardus; Panthera; zoonose.

Financiamento

CNPQ/PCI 300670/2019-2 CNPq/DCR 300461/2016‑0 FAPESPA ICAAF 018/2016

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Halicia Celeste Santos Oliveira, Alexandra Maria Ramos Bezerra