X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

ESTRUTURA GENETICA E DISTRIBUIÇAO ESPACIAL DE MONODELPHIS SPP. (MAMMALIA: DIDELPHIDAE) NA SERRA DO MAR DO RIO DE JANEIRO

Resumo

Monodelphis Burnett, 1829 é um gênero de marsupiais com 22 espécies descritas que exibem grande variação na coloração da pelagem, desde uniforme até um padrão de três listras dorsais, ocorrendo por toda região Neotropical. O objetivo deste trabalho foi identificar as espécies de Monodelphis que ocorrem na Serra do Mar do Rio de Janeiro e como as populações estão estruturadas espacial e geneticamente. Foram utilizadas 27 amostras de fígado ou orelha conservadas em etanol de cinco localidades, além de 46 sequências de referência retiradas do GenBank. O DNA foi extraído utilizando o método de extração salina, os primers utilizados foram MVZ05 (direto) e MVZ16 ou MONOCYTB795R (reversos), e a fita senso sequenciada utilizando o primer MVZ05. As espécies foram identificadas geneticamente pelos clados com alto valor de suporte formados em uma filogenia obtida por inferência bayesiana. Foram calculados os índices de diversidade genética e gerada uma rede de haplótipos para cada espécie utilizando o algoritmo Median-Joining. O isolamento por distância e por altitude foi medido através de um teste de Mantel com 999 replicações. Foram identificadas 12 amostras de M. iheringi, 13 de M. scalops, 1 de M. americana e 1 de M. pinnochio. Foram encontrados registros em novas localidades para M. pinnochio no Parque Nacional da Serra da Bocaina, para M. americana na Serra das Araras e M. iheringi na Reserva Biológica do Tinguá. Foram identificados sete haplótipos e diversidade haplotípica similar em M. iheringi e M. scalops, mas um número maior de sítios polimórficos em M. iheringi (64) do que em M. scalops (26). O teste de Mantel indicou correlação positiva entre a distâncias genética e geográfica, r = 0,82 para M. iheringi (p = 0,02) e r = 0,32 para M. scalops (p = 0,003).  A correlação entre altitude e distância genética só pode ser feita para M. iheringi (r = 0,75 e p = 0,008), pois os dados de altitude não estavam disponíveis para várias amostras de M. scalops. A distância geográfica não deve ser o principal fator responsável pela divergência genética intraespecífica, pois M. iheringi possui maior divergência intraespecífica (3,1%) e menor distância geográfica média (52 km) do que M. scalops (1,1% e 119 km, respectivamente). Os espécimes de M. iheringi de regiões baixas (até 450 m) se mostraram geneticamente muito próximas entre si (0,1% de distância genética) e muito distantes dos indivíduos encontrados acima de 800 m (8,5% de distância genética), indicando um possível isolamento por altitude. Conclui-se que a distância geográfica é capaz de explicar a estruturação genética das espécies analisadas de Monodelphis, assim como a altitude também pode contribuir para o isolamento populacional.


Palavras-chave

genética de populações; filogenética; altitude; isolamento por distância.


Financiamento

CAPES, CNPq, FAPES, FAPERJ


Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Bruno Henrique de Castro Evaldt, Ana Carolina Loss, Ana Cláudia Delciellos, João Luiz Guedes da Fonseca, Yuri Luiz Reis Leite