X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

MAMIFEROS DISPERSORES DE SEMENTES NO MAIOR CONTINUUM REMANESCENTE DE MATA ATLANTICA DO ESTADO DE SAO PAULO

Resumo

<p>As interações ecológicas formam um complexo de animais e plantas, onde grupos isolados são pequena parte de um sistema mais amplo. Identificar o papel desempenhado por cada frugívoro na estrutura do ecosistema requer uma abordagem integrativa, uma vez que este processo inclui vertebrados frugívoros que podem atuar tanto como mutualistas quanto como antagonistas, e apresentam características variadas.&nbsp;Aqui avaliamos o efeito do tamanho de determinados mamíferos na potencial dispersão de sementes em um ambiente pristino, no maior remanescente da mata atlântica brasileira, o <em>Continuum </em>Ecológico de Paranapiacaba, SP. Um total de 25 espécies de mamíferos pertencentes a sete ordens (Primates, Chiroptera, Carnivora, Didelphimorphia, Rodentia, Perissodactyla e Artiodactyla) foram avaliados. De acordo com cada ordem, eventos de potencial dispersão foram registrados de duas formas: i) quando frutos eram visivelmente engolidos ou removidos de uma planta (durante observações comportamentais ou por armadilhas fotográficas), ou ii) por meio de sementes intactas coletadas a partir de amostras fecais. As sementes foram identificadas ao menor nível taxonômico possível. O tamanho dos mamíferos variou desde 8g até 260kg e, dentre eles, a anta, o veado e o muriqui-do-sul foram os maiores, enquanto os morcegos foram os menores. Já o tamanho das sementes variou de 0,06cm até 4,0cm (média 0,8cm). Primatas dispersaram a maior riqueza de plantas (98 espécies), seguidos de morcegos (30), marsupiais (18), ungulados (17) e roedores (6). Não detectamos diferenças entre o tamanho das sementes potencialmente dispersas por roedores, ungulados, primatas e carnívoros. Porém, roedores, ungulados e primatas dispersaram sementes maiores que marsupiais e morcegos, enquanto os carnívoros dispersaram sementes de tamanhos variados. Contrariando nossas expectativas, esta diferença não foi explicada pelo tamanho do dispersor (p = 0.68), mas sim pelo seu grupo taxonômico (p&lt;0.001). O tamanho da semente foi importante na modulação da dispersão: sementes médias dispersas por primatas podem ser muito grandes para um pequeno quiróptero, portanto plantas de sementes grandes tendem a depender de frugívoros maiores. Como consequência, existe uma tendência para sementes grandes terem um número menor de dispersores que sementes pequenas, fato reforçado por nossos resultados. A ausência de relação entre o tamanho dos vertebrados e as sementes ingeridas provavelmente se deve ao fato de que sementes médias e pequenas não são dispersas exclusivamente por pequenos mamíferos, enquanto sementes maiores dependem principalmente de grandes vertebrados. Primatas são mamíferos amplamente reconhecidos como os principais dispersores das florestas tropicais, mas aqui ressaltamos também a importância de outros grupos, como ungulados, marsupiais, carnívoros e roedores, estes últimos muitas vezes reconhecidos apenas pelo seu potencial predador.</p>

Palavras-chave

<p>Dispersão de sementes; interações mutualísticas;&nbsp;tamanho de semente</p>

Financiamento

<p>FAPESP (processos 2014/01986-0, 2014/09300-0, 2017/07954-0, 2018/06634-5)</p>

<p>CAPES (processo 1646750)</p>

Área

Ecologia

Autores

Lisieux Fuzessy, Gisela Sobral, Daiane Carreira, Gedimar Barbosa, Vinícius Cardoso Cláudio, Mariana Landis, Mauro Galetti, Laurence Culot