X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DO ESPAÇO POR SURICATOS EM AMBIENTE CONTROLADO

Resumo

Recintos de zoológicos e aquários podem ser fontes de estresse, dada a restrição espacial e a homogeneidade do substrato. Diferentes animais possuem necessidades específicas, decorrentes dos hábitos de vida e o ambiente de origem. Para atender essas necessidades, as instituições tentam criar recintos com elementos e tamanhos que possibilitem a maioria dos comportamentos que os animais exibiriam em vida livre. Suricatos, Suricata suricatta (Schreber, 1776), são animais do sudoeste africano. Vivem em colônias, cujo sistema social é constituído por uma hierarquia de fêmeas e machos, destacando-se uma única fêmea reprodutiva e dominante. Formam colônias de 30 a 40 indivíduos, onde se revezam em vigia, forrageio e criação dos filhotes. No Aquário de São Paulo há uma colônia de 14 suricatos. O recinto tem 15 metros de comprimento por 3 a 6 metros de largura, e apresenta tocas, totens, feno, entre outros elementos. A frente do recinto é irregular e fechada com vidro, permitindo a visualização dos visitantes. O objetivo deste trabalho foi analisar o uso do espaço para inferir o quanto do recinto era aproveitado e de que forma. O uso do recinto foi mapeado durante 20 dias. Para isso o espaço foi dividido em 68 quadrantes e em áreas elevadas (12) ou não. Utilizando o método de “scan” a intervalos de 10 min. foi registrada a posição (e a atividade) de 8 dos 14 indivíduos, durante 4 horas por dia, começando às 10 horas da manhã. De agosto de 2018 a fevereiro de 2019, foram obtidas 2.245 contagens, abrangendo 29 comportamentos. Após as amostragens foram feitos mapas de contagem para uso geral de cada quadrante e separando apenas os comportamentos de vigia (19% do total) e descanso (17% do total). Para a análise dos resultados foi comparada a frequência observada de uso com a disponibilidade pelo teste de qui-quadrado para investigar a preferência geral por frente ou fundo do recinto, áreas elevadas, região em frente à elevação, latrina, tocas e alimentação e preferência para os comportamentos de descanso e vigia. As áreas elevadas foram menos utilizadas (62% do esperado; ꭕ² parcial = 56.93) e os quadrantes das latrinas, mais utilizados (37% além do esperado; ꭕ² parcial = 13,79; ꭕ² total = 79,14; gl=6, p<0,05). O uso da frente (77.63%) mostrou-se preferencial (ꭕ² = 335,31; gl=1; p<0,05) em relação ao fundo. O comportamento de vigia foi mais realizado em áreas elevadas (o dobro do esperado, ꭕ² = 76,87, gl=1; p<0,05) e os suricatos utilizaram a frente (84,06%) mais que o fundo para descansar (ꭕ² = 90,26, gl=1; p<0,05). Para que os animais possam evitar o público, a legislação exige a implementação de pontos de fuga. Apesar destes elementos estarem presentes no recinto, os suricatos do Aquário de São Paulo preferem a frente, inclusive para descansar. Embora as áreas elevadas sejam preteridas para os comportamentos no geral, estas são mais utilizadas para vigia. Os resultados indicam que o recinto dos suricatos do Aquário de São Paulo propicia condições estruturais do espaço satisfatórias para atender aos requisitos de bem-estar da colônia.

Palavras-chave

uso do espaço, recinto, cativeiro, suricatos, bem-estar animal, ambiente controlado

Financiamento

Área

Etologia/Bem-estar animal

Autores

Beatriz Franco Felício dos Santos, Helen Colbachini, Fabiana Lúcia André, Eleonore Zulnara Freire Setz