Dados do Trabalho
TÍTULO
MORCEGOS EM ÁREA DE RESTINGA EM SERGIPE, NORDESTE BRASILEIRO
Resumo
As restingas são caracterizadas pela presença de solos arenosos e sofrem influência direta do mar, refletindo em diferentes formações vegetais e condições climáticas. Aspectos como solos instáveis, alta temperatura e elevada salinidade podem limitar o estabelecimento de diversas espécies, resultando em uma menor diversidade quanto comparada a áreas florestais de Mata Atlântica. Esse trabalho teve como objetivos caracterizar a comunidade de morcegos em uma área de restinga do nordeste do Brasil e verificar diferenças na composição de espécies em relação a sazonalidade. A coleta de dados ocorreu na Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caju (RPPN do Caju), com área de 763,37 ha, localizada no município de Itaporanga d’Ajuda, Sergipe. A precipitação acumulada durante o período de estudo foi 1.596,5 mm, com maiores precipitações entre os meses de abril e setembro. Morcegos foram capturados entre outubro/2016 e setembro/2017, durantes duas noites consecutivas mensais, utilizando-se 10 redes de neblina que permaneceram abertas entre as 18:00-24:00h. A riqueza estimada foi calculada a partir de 10.000 curvas no programa EstimateSWin 8.2.0. Diferenças na composição de espécies entre os períodos sazonais foram avaliadas pelo teste G, com nível de significância de 5% no BioEstat 5.0. Com um esforço de captura de 38.556h.m², foram realizadas 490 capturas de morcegos, correspondendo a 457 indivíduos e 33 recapturas. Os indivíduos capturados pertencem a 13 espécies, distribuídas entre as famílias Phyllostomidae: Carollia perspicillata (N=213), Artibeus lituratus (N=69), A. planirostris (N=61), Dermanura cinerea (N=59), Glossophaga soricina (N=17), Lophostoma brasiliense (N=12), A. obscurus (N=9), Sturnira lilium (N=7), Platyrrhinus lineatus (N=4), Chiroderma doriae e Phyllostomus discolor (ambos N=1) e Vespertilionidae: Myotis lavali e M. riparius (ambos N=2). A espécie M. riparius representa novo registro para o estado. A família Phyllostomidade foi a mais rica e abundante, com 84,6% das espécies e 99% dos indivíduos registrados. A riqueza estimada foi de 14,83 ± 1,24 espécies. Não houve diferença na composição de morcegos entre os períodos (p= 0,98), porém a espécie S. lilium foi capturada apenas no período chuvoso. A comunidade de morcegos da RPPN do Caju era composta por 16 espécies, das quais 10 foram registradas no presente estudo. Além da espécie M. riparius, que representa novo registro para o estado, as espécies P. discolor e C. doriae representam novos registros para a área, porém todas as espécies já foram relatadas em ambientes de restinga para outros estados. A alta representatividade da família Phyllostomidae decorre do fato desta ser a mais diversificada entre os morcegos neotropicais e pelo fato do método de captura favorecer os representantes dessa família. A ausência de relação entre a composição de espécies e a sazonalidade pode estar relacionada ao fato do recurso alimentar dessas espécies estarem disponíveis regularmente durante o ano. Esse estudo corresponde ao segundo levantamento de morcegos em área de restinga de Sergipe, acrescentando três espécies para a área, totalizando 19 espécies. Considerando a riqueza estimada para a localidade e a escassez de estudos em restinga, faz-se necessário a realização de mais levantamentos, incluindo outros métodos de amostragem como, por exemplo, redes de dossel.
Palavras-chave
Chiroptera, novos registros, Phyllostomidae, sazonalidade.
Financiamento
CAPES, FAPITEC/SE
Área
Inventário de Espécies
Autores
Rayanna Hellem Santos Bezerra, Adriana Bocchiglieri, Tamiris da Silva Oliveira