Dados do Trabalho
TÍTULO
MORCEGOS (MAMMALIA: CHIROPTERA) DO PLANALTO DE GUARAPUAVA, SUL DO BRASIL
Resumo
A quiropterofauna brasileira ainda é pouco conhecida, apesar de estar entre as mais ricas do mundo. A Mata Atlântica é o bioma mais estudado no país e o mais ameaçado. Mesmo nesse bioma, ainda existem muitas lacunas na ocorrência e distribuição de morcegos, como no Planalto de Guarapuava, no Paraná, composto principalmente por fragmentos de Floresta Ombrófila Mista. O objetivo deste trabalho foi atualizar a lista de fauna de morcegos da região do Planalto de Guarapuava, e fazer também uma análise de diversidade beta entre as localidades amostradas. Esta lista foi construída baseada em dados secundários (quatro referências) e em dados primários (dados originais provenientes de trabalho de campo referentes a três localidades). As espécies registradas nos trabalhos de campo (dados primários) foram avaliadas por sua abundância relativa. Todas as espécies registradas (dados primários e secundários) foram avaliadas pela frequência relativa (percentual de localidades em que cada espécie foi registrada), e quanto ao estado de conservação. Uma análise de diversidade beta foi realizada para verificar as semelhanças entre as sete localidades. Foram registradas 28 espécies no Planalto de Guarapuava (14 Vespertilionidae, 10 Phyllostomidae e 4 Molossidae), das quais oito são novos registros para a região (Anoura caudifer, Macrophyllum macrophyllum, Carollia perspicillata, Sturnira tildae, Lasiurus cinereus, Lasiurus ega, Myotis albescens e Molossus rufus). Sturnira lilium foi a espécie mais abundante nas três localidades (dados primários) e a espécie mais frequentes contando todos os estudos (dados primários e secundários). Apenas quatro espécies foram classificadas globalmente como "Quase Ameaçadas" (Near Threatned) ou como "Dados Insuficientes" (Deficient Data), apesar de serem frequentes nessa região. A média da Diversidade Beta regional foi de 0,72, podendo ser decomposta no componente de substituição de espécies (turnover) (0,64) e em aninhamento (nestedness) (0,08). A predominância de espécies insetívoras aéreas (Vespertilionidae e Molossidae) nas assembleias de morcegos no Planalto de Guarapuava pode ser uma consequência das características subtropicais da região. Estes morcegos tendem a ser raros em qualquer estudo com redes de neblina (principal método de amostragem). Assim, a natureza dos presentes registros, com várias espécies raras, leva à não estabilização das curvas de rarefação. A média de Beta diversidade e seus componentes, BDturn e BDnest, encontrados entre as faunas de morcegos nessa escala regional foi semelhante à encontrada para um estudo mais amplo (utilizando a Mata Atlântica como um todo), também apresentando o componente de substituição de espécies maior do que o componente de aninhamento. Estes resultados indicam que em ambas as escalas, região do Planalto de Guarapuava ou bioma de Mata Atlântica, as comunidades de morcegos são resultado de processos que alteram a fauna por substituição de espécies (turnover) e não por perdas de espécies em relação à uma área mais rica (aninhamento). Portanto, outras forças, em vez da filtragem ambiental, devem estar atuando em ambas as escalas. Dessa forma, estudos com esforço de amostragem maior e padronizado são necessários para confirmar esses padrões e tentar explicar os processos.
Palavras-chave
Mata Atlântica; Inventário de Morcegos; Levantamento de Morcegos; Ecologia de Comunidades.
Financiamento
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Área
Inventário de Espécies
Autores
João M. D. Miranda, Luciana Zago, Sidnei Pressinate Júnior, Luana Almeida Pereira, Sabrina Marchioro, Daniela A. S. Bôlla, Fernando Carvalho