X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

DIETA DE PEQUENOS MAMÍFEROS EM ÁREAS DE RESTINGA NO LESTE SERGIPANO

Resumo

A dieta de pequenos mamíferos, marsupiais e roedores, pode ser influenciada pela disponibilidade de alimento no habitat e também pelos requerimentos energéticos de cada organismo de acordo com o sexo. Muito das informações obtidas sobre a dieta desses mamíferos provém de estudos realizados em áreas de Mata Atlântica e Cerrado, mas nem todos os ecossistemas associados à Mata Atlântica apresentam informações a respeito desse tema, como é o caso da restinga. Esse estudo objetivou caracterizar a dieta desse grupo em área de restinga da Reserva Biológica de Santa Isabel, município de Pirambu, Sergipe, avaliando se a composição da dieta difere entre o sexo das espécies mais abundantes. De setembro/2017 a agosto/2018 foram amostrados três sítios com armadilhas Sherman e pitfall, totalizando 9.900 armadilhas/noite. A coleta das fezes foi realizada através da vistoria das armadilhas e manuseio dos animais, posteriormente sendo o material triado e identificado. Diferenças na composição da dieta entre os sexos para as espécies mais abundantes foram avaliadas pelo teste G. Foram analisadas 152 amostras fecais de um total de sete espécies de pequenos mamíferos, sendo quatro marsupiais, Didelphis albiventris, Marmosa demerarae, Marmosa murina e Marmosops incanus, e três roedores, Calomys sp., Cerradomys vivoi e Rhipidomys mastacalis. A categoria artrópode foi identificada na dieta de todas as espécies de marsupiais e a mais consumida pelos mesmos, destacando o consumo das ordens Coleoptera, Hymenoptera e Hemiptera, e de frutos de seis espécies vegetais. D. albiventris se destacou no consumo de Chilopoda e gastrópodes. M. demerarae consumiu com maior frequência os coleópteros (75%) e sementes de Philodendron (50%). Além do consumo de insetos das ordens Coleoptera e Hemiptera, foram identificados frutos de Ficus clusifolia na dieta de M. murina. Machos e fêmeas de M. incanus (N=106) consumiram crustáceos, frutos e preferencialmente Coleoptera (59-73%), Hymenoptera (51%) e Hemiptera (36-43%). Esta última espécie foi a mais abundante e não foi constatada diferença no consumo de itens alimentares entre os sexos (p=0,0933). Para os roedores, itens da categoria material vegetal apareceram em maior frequência, destacando o consumo de algumas categorias de artrópodes. Calomys sp. se alimentou principalmente de Coleoptera (100%). Sementes e partes de insetos foram encontrados nas amostras de Cerradomys vivoi. Foi identificado o consumo de insetos das ordens Coleoptera e Hymenoptera por Rhipidomys mastacalis. O alto consumo de insetos das ordens Coleoptera e Hymenoptera pode estar ligado à grande diversidade e biomassa, respectivamente, desses nas florestas tropicais, e o élitro dos coleópteros os tornam mais fáceis de identificar do que outras ordens, sendo mais bem representados nas amostras. No geral, os pequenos mamíferos da REBIO Santa Isabel têm uma dieta onívora, destacando também o consumo de crustáceos por M. incanus, evidenciando a plasticidade da espécie em explorar os recursos disponíveis na restinga.

Palavras-chave

 Ecologia trófica, Marsupial, Nordeste, Roedor

Financiamento

CNPq, CAPES/FAPITEC

Área

Ecologia

Autores

Ellen da Costa Malaquias, Adriana Bocchiglieri