Dados do Trabalho
TÍTULO
ORIGEM E RAMOS PRINCIPAIS DO PLEXO LOMBOSSACRAL DO GAMBA-DE-ORELHA-PRETA (DIDELPHIS AURITA)
Resumo
O gênero Didelphis compreende os maiores marsupiais americanos viventes, sendo Didelphis aurita um marsupial neotropical que ocorre no leste do Brasil nos domínios da Mata Atlântica, sudoeste do Paraguai e nordeste da Argentina, sendo principalmente alopátrico ao longo de sua faixa de ocorrência. A versatilidade de movimentos dos membros pélvicos e cauda do D. aurita pode refletir uma constituição anatômica diferente do plexo lombossacral em relação ao que é conhecido para mamíferos cursoriais. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a origem dos nervos do plexo lombossacral em D. aurita. Foram utilizados 14 cadáveres adultos, sete machos e sete fêmeas, procedentes do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) e doados ao Departamento de Anatomia Animal e Humana da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde foram submetidos à fixação com solução de formaldeído à 10%. Os dois antímeros foram dissecados, resultando na análise de 28 plexos lombossacrais. O plexo lombossacral foi composto pelos ramos ventrais dos nervos espinhais de L3 até a S2 em 25 antímeros (89,29%), sendo todos os antímeros de fêmeas e 11 de machos (78,57%); e da L4 até S2 em três antímeros de machos (10,71%). Os nervos femoral e obturatório, em 26 antímeros (92,86%), apresentaram uma origem comum a partir da formação de um tronco. Esse tronco foi observado em três padrões de origem, compostos pelos ramos ventrais de L3 e L4 em 21 antímeros (75%); de L3, L4 e L5 em quatro antímeros (14,29%) e de L4 em um antímero (3,57%). Os nervos femoral e obturatório não apresentaram origem comum formando tronco em dois antímeros (7,14%), sendo as suas origens a partir de ramificações dos ramos ventrais de L4 e L5. No tronco lombossacral, composto pelos nervos isquiático e seus ramos, glúteo cranial, glúteo caudal e o nervo pudendo, foram observados dois padrões de origem, compostos pelos ramos ventrais de L5, L6 e S1 em 22 antímeros (78,57%), sendo 12 nas fêmeas (85,71%) e dez nos machos (71,43%); e de L4, L5, L6 e S1 em seis antímeros (21,43%), dois nas fêmeas (14,29%) e quatro nos machos (28,57%). O nervo reto caudal originou de S2 em 20 antímeros (71,43%), sendo 12 em fêmeas (85,71%) e oito em machos (57,14%); e de S1 e S2 em oito antímeros (28,57%), sendo dois em fêmeas (14,29%) e seis nos machos (42,86%). Observou-se que os nervos que formam o plexo lombossacral no D. aurita inervam a musculatura do membro pélvico, a região perineal e a cauda preênsil. Pesquisas de campo envolvendo o comportamento cursorial da espécie podem ajudar a compreender melhor a origem e o arranjo dos nervos, contribuindo para um melhor manejo e conservação da espécie.
Palavras-chave
Didelphimorphia, sistema nervoso, anatomia
Financiamento
CNPq e FAPERJ
Área
Anatomia e Morfologia
Autores
Thais Mattos Estruc, Renata Medeiros do Nascimento, Raquel Batista Junger de Carvalho, Paulo de Souza Junior , Marcelo Abidu Figueiredo