Dados do Trabalho
TÍTULO
VARIAÇAO TEMPORAL NOS COMPONENTES DA RESPOSTA DE FASE AGUDA DE UMA ESPECIE DE MORCEGO FRUGIVORO
Resumo
<p>Os morcegos são potenciais transmissores de diversos patógenos, os quais em sua grande maioria, permanecem latentes e não são virulentos para estes mamíferos. Uma das razões aventadas para explicar a não virulência destes patógenos em morcegos, seria a ação diferenciada de componentes imunológicos que controlam precocemente a proliferação desses agentes infecciosos. Sabe-se que a primeira linha de defesa imunológica dos vertebrados contra patógenos está associada com o sistema imune inato, que envolve a ativação de uma cascata de respostas comportamentais e fisiológicas. Tais mudanças são componentes da Resposta de Fase Aguda (RFA), uma resposta de alto custo energético que tem por função conter infecções iminentes e potencializar a ação do sistema imune adaptativo. Não obstante à sua importância clara no combate de patógenos em processos infeciosos, pouco se sabe como os componentes comportamentais e fisiológicos da RFA variam ao longo do tempo após o início de uma infecção. Para entender melhor como esses componentes se comportam nas primeiras horas da infecção e qual a relação da RFA com a alta capacidade dos morcegos em hospedar diversos patógenos, nós desafiamos imunologicamente o morcego-de-cauda-curta (<em>Carollia perspicillata</em>). Para isso inoculamos lipopolissacarídeo (LPS) extraído de <em>Escherichia coli</em>, uma endotoxina não patogênica, capaz de ativar a RFA. Dessa maneira, foi possível comparar a variação da temperatura e massa corpórea, produção e contagem de leucócitos e consumo alimentar 24h antes e 24h depois desses animais serem desafiados imunologicamente. Nossas premissas foram que após a injeção de LPS, haveria aumento na temperatura corpórea (febre), na produção de leucócitos, redução na massa corpórea e no consumo de alimento, além de aumento no nível de estresse. Não observamos o desenvolvimento de um estado febril e de leucocitose após inoculação de LPS. Por outro lado, a injeção de LPS levou a uma redução na massa corpórea, na frequência alimentar e aumento na razão entre neutrófilo/linfócito (N/L), indicativo de uma condição de estresse. Os componentes da RFA são tidos como conservativos dentre os vertebrados. Redução na massa corpórea e na frequência alimentar foi observada no presente estudo e parece ser uma resposta realmente conservativa, uma vez que já foi encontrada em outros mamíferos, incluindo morcegos. O aumento na razão N/L, após inoculação por LPS, sugere liberação de hormônios glicocorticoides, os quais podem ter levado a imunossupressão e consequentemente a ausência de leucocitose. Ausência de leucocitose também foi observada no morcego <em>Molossus molossus</em> e em outros estudos com <em>Carollia perspicillata</em>. Contudo, a espécie <em>Myotis vivesi</em> apresenta aumento na produção de leucócitos. A resposta febril, um componente clássico da RFA, não foi observada no presente estudo, padrão similar ao encontrado para o morcego insetívoro <em>Molossus molossus</em>. Todavia, esta resposta foi observada no morcego piscívoro <em>Myotis vivesi</em> após inoculação por LPS. Estes resultados sugerem que os componentes da RFA em morcegos apresentam padrões espécie-específicos e que não exista um padrão uniforme na forma como o sistema imune inato dos morcegos lida com processos infecciosos. Estudos adicionais são necessários para entender essa variação dentre as espécies.</p>
Palavras-chave
<p><em>Carollia perpicillata</em>; Sistema Imune Inato; Resposta de Fase Aguda.</p>
Financiamento
<p>1) FAPESP - Processo 2014/16320-7 </p>
<p>2) PIBIC - Processo Prope-PIBIC 2017/2018 – 43486</p>
Área
Fisiologia
Autores
Gabriel Melhado, Luis Gerardo Herrera-Montalvo, Ariovaldo Pereira Cruz-Neto