Dados do Trabalho
TÍTULO
VARIAÇAO NA PELAGEM E REPRODUÇAO DE MARMOSA PARAGUAYANA E DIDELPHIS AURITA (MAMMALIA, DIDELPHIOMORPHIA)
Resumo
Marsupiais tem despertado grande interesse desde sua descoberta no século 16 devido à sua gestação extremamente curta, em que os filhotes nascem precocemente e completam seu desenvolvimento presos às tetas da mãe. O contato íntimo da fêmea com os filhotes geralmente causa alterações de coloração e densidade de pelos na região inguinal de fêmeas desse grupo. Este padrão de variação tem sido descrito com base em espécimes depositados em coleção, mas nenhuma avaliação tem sido feita até o momento em estudos de campo. Avaliar animais monitorados em campo é essencial para observar as condições do mesmo indivíduo antes e depois da reprodução, e para avaliar se o padrão é similar em espécies com e sem marsúpio. Nesse estudo apresentamos resultados preliminares de um estudo que busca descrever o padrão de variação na morfologia e coloração dos marsupiais Marmosa paraguayana (sem marsúpio) e Didelphis aurita (com marsúpio). Foram monitorados em campo oito fêmeas de D. aurita (nove capturas) e 17 fêmeas de M. paraguayana (19 capturas). O monitoramento ocorreu ao longo de duas campanhas de sete dias cada na Reserva Biológica de Poço das Antas (outubro de 2018 e fevereiro de 2019) e duas na Reserva Biológica União (janeiro e abril de 2019) (estado do Rio de Janeiro). Foram avaliadas também 35 fêmeas de M. paraguayana e 30 de D. aurita na coleção de mamíferos do NUPEM/UFRJ, coletados na mesma região do monitoramento. Os animais foram alocados em sete classes etárias com base na erupção e desgaste dentário segundo Tribe (1990) e foram descritas as variações na cor (segundo Ridgway, 1912) e na densidade de pelos da região inguinal. As frequências das condições da região inguinal de fêmeas examinadas em campo e na coleção foram relacionadas com as idades e com o estágio reprodutivo para determinar a idade de início da reprodução e a estação reprodutiva. Foram identificadas 11 fêmeas de D. aurita com filhotes no segundo semestre (36% da amostra de coleção) dos anos disponíveis na coleção e apenas duas com filhotes no primeiro semestre (7%), ambas em fevereiro de 2018. Para M. paraguayana foram identificadas quatro fêmeas com filhotes: três em outubro de 2014 (8%) e uma em outubro de 2015 (3%). A reprodução ocorreu a partir da classe de idade seis para ambas espécies. Quando não-reprodutivas, fêmeas adultas de M. paraguayana apresentam pelos inguinais monocolores de cor marguerite yellow e em elevada densidade. Já na fase reprodutiva, as fêmeas tendem a apresentar coloração colonial buff e densidade de pelos mais baixa na região inguinal. Didelphis aurita não apresentou um padrão claro de coloração inguinal associada à reprodução, mas a densidade de pelos variou da mesma forma que em M. paraguayana. Os dados revelam uma estação reprodutiva bem marcada para M. paraguayana em outubro, e um período de reprodução concentrado no segundo semestre para D. aurita. A variação na pelagem inguinal em resposta a reprodução é mais perceptível para M. paraguayana, espécie que não apresenta marsúpio.
Palavras-chave
Marsupial, classe etária, região inguinal, estação reprodutiva, coloração da pelagem.
Financiamento
Dados gerados no âmbito do Projeto de P&D Conectividade da Paisagem - PETROBRAS/CENPES.
Área
Anatomia e Morfologia
Autores
Marjorie Baesso, Pablo Rodrigues Gonçalves, Caryne Braga