X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

AMOSTRAGEM FECAL COM CAES FAREJADORES E MODELAGEM DE DISTRIBUIÇAO REVELAM NOVAS OCORRENCIAS DE CERVIDEOS NA MATA ATLANTICA E INDICAM AREAS PRIORITARIAS PARA A CONSERVAÇAO.

Resumo

<p>Métodos de amostragem não-invasiva baseados na localização de amostras fecais com cães farejadores, identificação genética das&nbsp;amostras&nbsp;e modelagem de distribuição têm se mostrado bastante úteis para o estudo de espécies elusivas. Esses métodos poderiam contribuir de maneira relevante para o mapeamento populacional das espécies de cervídeos do gênero <em>Mazama</em>. Essas espécies são conhecidas pela&nbsp;dificuldade de visualização e alta semelhança morfológica,&nbsp;que prejudicam seu estudo e manejo para conservação. Assim, o objetivo deste estudo foi detectar novas ocorrências das espécies de <em>Mazama</em> na Mata Atlântica e indicar áreas prioritárias para a conservação dessas espécies. Para isso, prospectamos com cães farejadores treinados para localizar amostras fecais de cervídeos, 70 fragmentos florestais&nbsp;distribuídos por toda a Mata Atlântica. As amostras foram identificadas por métodos genéticos baseados em PCR/RFLP e sequenciamento de fragmentos do genoma mitocondrial. A coordenada geográfica de cada amostra foi adicionada à um banco de ocorrências de cervídeos pertencente ao Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos. Com esses dados de ocorrências foi realizada modelagem de distribuição no software Maxent 3.4.1, utilizando as variáveis ambientais declividade, porcentagem de cobertura arbórea, precipitação anual acumulada e temperatura média anual. A determinação de áreas prioritárias para a conservação dessas espécies foi realizada estabelecendo-se duas categorias: “áreas prioritárias” e “áreas altamente prioritárias". A categoria “áreas prioritárias” contém áreas com valores de adequabilidade ambiental (originados do modelo de distribuição) entre 0,5 e 0,75. Já a categoria “áreas altamente prioritárias” contem áreas com valores acima de 0,75. Também foi confeccionado um mapa indicando a sobreposição de “áreas prioritárias” para o maior número de espécies. Dos 70 fragmentos prospectados detectou-se a presença de ao menos uma espécie em 47 deles. Obtivemos a ocorrência&nbsp;de <em>M. americana</em> em 15 áreas, <em>M. bororo</em> em 8 áreas, <em>M. nana</em> em 11 áreas, <em>M. gouazoubira</em> em 20 áreas e <em>M. nemorivaga</em> em 4 áreas. Especial destaque é dado para as ocorrências de <em>M. nemorivaga</em>, espécie até então de ocorrência sabidamente restrita à amazônica, na REBIO de Sooretama (ES), RPPN Recanto das Antas (ES), REBIO Mata Escura (MG) e REBIO de Una (BA). Os modelos de distribuição mostraram-se adequados (AUC de 0,861 a 0,958 p&lt;0,0005 e EO de 3,8 a 7,5%). As categorias de áreas prioritárias para a conservação, em sua maioria,&nbsp;encontram-se concentradas na região do PARNA do Iguaçu (PR) e província de Misiones (Argentina), Mata Atlântica litorânea (F. Ombrófila Densa) dos estados de SC, PR, SP e sul da Bahia, além de fragmentos esparsos na região central do Sul do Brasil. Assim, para a conservação dessas espécies, são de fundamental importância as unidades de conservação presentes nessas regiões, bem como as áreas de reserva legal e proteção permanente. Ressalta-se que indicar essas áreas é apenas o primeiro passo. Faz-se necessária a confirmação da ocorrência das espécies nessas áreas e o início de trabalhos com escopo local, que deverão incluir estudos de abundancia populacional. Por fim, o conjunto de técnicas aqui utilizados mostra-se bastante promissor para o estudo de outras espécies elusivas.</p>

Palavras-chave

<p>DNA, Distribuição geográfica, Maxent, <em>Mazama</em></p>

Financiamento

<p>FAPESP15/25742-5</p>

Área

Biologia da Conservação

Autores

Márcio Leite Oliveira, Alexandre Vogliotti, Andressa Gatti, Pedro Henrique Faria Peres, José Maurício Barbanti Duarte