Dados do Trabalho
TÍTULO
EFEITOS DA SEPARAÇAO DAS FLORESTAS UMIDAS BRASILEIRAS NA COMPOSIÇAO DE ESPECIES E NA DIVERSIDADE CARIOTIPICA DOS MOLOSSIDAE: CHIROPTERA
Resumo
Os Molossidae são chamados popularmente de morcegos de cauda livre por apresentarem o limite da sua cauda além da borda do uropatágio. Também são conhecidos pelo hábito insetívoro e a marcante característica morfológica que é o achatamento craniano, relacionado ao seu hábito de viver em frestas estreitas. Molossidae possui atualmente 18 gêneros e cerca de 100 espécies descritas, apresentando uma distribuição pantropical. Para o Brasil estão registrados oito gêneros e 31 espécies. A família Molossidae possui um dos mais antigos registros fósseis de Chiroptera no Brasil, Mormopterus faustoi, com localidade-tipo em Tremembé, São Paulo, datando do Oligoceno. A partir disto, é de visível constatação que a chegada dos molossídeos ao Brasil precedeu a separação das florestas úmidas. Esta teria ocorrido entre o Mioceno Médio e o Plioceno, promovendo a formação do Cerrado, Caatinga e Chaco, e a separação entre Amazônia e Mata Atlântica. Há atualmente diversas evidências que essa separação gerou certo grau de isolamento populacional em espécies de animais que habitam a Amazônia e a Mata Atlântica (mamíferos e aves), permitindo que estas acumulassem características genéticas distintas ao longo do tempo. Visto isso, nossos objetivos são mapear a distribuição geográfica das espécies de Molossidae no Brasil, a fim de selecionar as de ocorrência na Amazônia e Mata Atlântica, e investigar se as espécies que ocorrem nestes dois biomas apresentam diferenças cariotípicas estruturais e/ou numéricas em função do distanciamento geográfico entre as populações. Desta forma, foi feito um levantamento bibliográfico dos registros de ocorrência e das descrições dos cariótipos das espécies utilizando a base de dados do Google e do Portal CAPES, visando conhecer as espécies de ocorrência nos dois biomas e comparar os cariótipos já descritos das espécies de interesse. O material de medula óssea para algumas espécies da Mata Atlântica e da Amazônia está disponível no Laboratório de Mastozoologia do Instituto de Biologia da UFRJ e no Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Reservatórios Silvestres (IOC, LBCE). Das 31 espécies ocorrentes no Brasil foram identificadas e mapeadas para as áreas de Amazônia e Mata Atlântica 21 espécies, pertencentes aos gêneros: Cynomops, Eumops, Molossops, Molossus, Neoplatymops, Nyctinomops, Promops e Tadarida. Três espécies pertencentes aos gêneros Eumops e Nyctinomops ocorrem apenas na Mata Atlântica e outras cinco espécies, dos gêneros Cynomops, Eumops e Molossus, ocorrem apenas na Amazônia. Foram realizados estudos cariológicos de três espécimes de Molossidae coletados na Amazônia (C. planirostris, E. perotis e M. molossus). Estes foram comparados com estudos cariológicos de espécimes de Mata Atlântica descritos na literatura. Nas análises realizadas até o momento, não foram identificadas diferenças em relação ao número diploide e número fundamental dos cromossomos. Já em relação às descrições dos cariótipos foi observado, por enquanto, em Eumops perotis, diferenças quanto à posição dos centrômeros em cinco cromossomos, que variaram entre metacêntricos ou submetacêntricos e submetacêntricos ou subtelocêntricos. Este estudo pioneiro acerca da discussão proposta, já detectou diferenças cariotípicas, as quais serão estudadas por bandeamentos cariotípicos para confirmação de resultados diagnósticos do objetivo central.
Palavras-chave
Diversidade; Mammalia; Amazônia; Mata Atlântica.
Financiamento
PIBIC/UFRJ; CNPq (308505/2016-6); UFRJ.
Área
Evolução
Autores
Lorena Silva de Souza, Margaret Maria de Oliveira Corrêa, Cibele Rodrigues Bonvicino, Leila Maria Pessôa