Dados do Trabalho
TÍTULO
CUIDADO PARENTAL EM TAPIRUS TERRESTRIS DO PARQUE ECOLOGICO DE SAO CARLOS – SP
Resumo
A anta brasileira (Tapirus terrestris) é um mamífero que apresenta cuidado parental, o qual consiste no conjunto de comportamentos da fêmea com o filhote até que ele atinja a independência. O cuidado parental acontece até os doze meses, sendo essencial para o desenvolvimento e aprendizado do filhote. Apesar de sua importância para a compreensão da história natural da espécie, estudos sobre esse comportamento são escassos tanto na natureza quanto em cativeiro. Nosso objetivo foi analisar o cuidado parental de uma fêmea com seu filhote (desde o seu nascimento em 28/06/2018) através de observações comportamentais. Realizamos o estudo no Parque Ecológico Municipal de São Carlos, no Estado de São Paulo. O plantel do recinto contava ainda com dois machos, além da fêmea e o filhote. O trabalho foi dividido em duas fases: a) observações via método ad libitum (10 horas) para embasar o etograma, e, b) registro das frequências dos comportamentos em oito sessões de observação (32 horas) focando na fêmea. Os dados foram registrados por um observador fixo (I.L), que se manteve externo ao recinto, no período de 13h00 às 17h00. Observamos sete categorias comportamentais, são elas Descanso (43,7%), Locomoção (16,7%), Maternal (12,2%), Forrageamento (9,1%), Alimentação (8,0%), Aprendizagem (5,4%) e Proteção (4,9%), que ao todo somaram 28 posturas. Destacamos seis posturas relacionadas à Alimentação, Aprendizagem e Proteção, como “fêmea se alimenta, filhote se esconde” (2,5%), “fêmea se alimentando, filhote junto” (1,6%), “defendendo filhote” (1,2%), “defecando juntos” (0,9%), “fêmea vocaliza filhote vem ao seu encontro” (0,8%) e “ensinando a nadar” (0,6%). Na primeira enquanto a fêmea está em comportamento alimentar, o filhote mantém-se encoberto na vegetação, saindo do local somente com o retorno da mãe. Já na segunda enquanto a fêmea se alimenta o filhote permanece ao seu lado, sem se alimentar. Na próxima, a fêmea entra em estado de alerta, vocalizando ou não, na direção do macho que se aproxima. Na seguinte, o ato de defecar é realizado ao mesmo tempo e no mesmo local, o quê pode ser relacionado com a formação de latrinas, comuns em vida livre. Na sequência, o filhote vai em direção a fêmea ao escutar sua vocalização, demonstrando o potencial de comunicação intra-específica do par. Por último, ambos entram na água juntos, permanecendo a mãe ao lado do filhote. Esse comportamento pode ser essencial para o desenvolvimento das habilidades natatórias do filhote, que passará parte da vida no ambiente aquático. Apesar de a análise se basear em somente uma mãe com filhote, os resultados ilustram posturas, possivelmente, de componente inato. Entretanto a ausência de registros em ambiente natural não permite elucidar a questão. Os resultados encontrados contribuem para o aumento do conhecimento da história natural das antas brasileiras.
Palavras-chave
Anta brasileira Aprendizagem Comportamento materno Cativeiro
Área
Etologia/Bem-estar animal
Autores
Isabela de Lucca, Alessandra Bertassoni