Dados do Trabalho
TÍTULO
REGISTRO DE MATERIAIS POS-CRANIANOS DE MORCEGOS NA TOCA DOS OSSOS, BAHIA, BRASIL: UMA CONTRIBUIÇAO A FAUNA DO QUATERNÁRIO
Resumo
Os quirópteros são um dos grupos de mamíferos mais diversos do mundo, sendo conhecidos também pela diversidade no Quaternário. No Brasil, possuem mais de 175 espécies descritas. Ainda assim, o registro paleontológico é escasso, tanto pela dificuldade de fossilização dos ossos - que são pequenos e frágeis - quanto pelo foco em animais atuais e suas morfologias externas. O estudo então teve como objetivo a triagem, separação e identificação do material pós-craniano de morcegos da Toca dos Ossos, visando a obtenção de novos dados sobre a fauna do Quaternário da Bahia. O material estudado é proveniente da caverna Toca dos Ossos, localizada no município de Ourolândia, Bahia, tendo sido coletado entre 2010 e 2012, em meio a sedimentos inconsolidados no interior da caverna. Trata-se de material do Quaternário, porém com datação específica inviável, devido a forma como foi coletado, se tratando, provavelmente de uma mistura temporal, podendo inclusive conter espécimes recentes. O material foi devidamente triado e armazenado. Em sequência, foi identificado utilizando bibliografia específica e comparações com materiais de espécies atuais. Foi possível encontrar 21 espécimes, sendo 14 identificados até o momento apenas como da ordem Chiroptera, cinco como do gênero Artibeus, um como Desmodus rotundus e um como do gênero Platyrrhinus. O material encontrado foi catalogado da seguinte forma: UFRB-PV 2653, UFRB-PV 4746, fragmento de fêmures; UFRB-PV 2659, UFRB-PV 4743, úmeros direito; UFRB-PV 2660, úmero esquerdo; UFRB-PV 2652, fêmur; UFRB-PV 2655, UFRB-PV 2658, UFRB-PV 2657, úmeros esquerdos parciais; UFRB-PV 2654, fragmento de úmero esquerdo; UFRB-PV 2637, fragmento de úmero direito; UFRB-PV 3155, fragmento de cintura pélvica; UFRB-PV 2642, UFRB-PV 2644, UFRB-PV 4750, UFRB-PV 4749, UFRB-PV 4741, UFRB-PV 4742, UFRB-PV 4744, UFRB-PV 4747, UFRB-PV 4748, ossos longos não identificáveis. O fato de grande parte do material não ser possível de identificar a um nível mais específico se deve a grande fragmentação, com alguns espécimes muito incompletos ou a falta de trabalhos que auxiliem na identificação pela morfologia do esqueleto de morcegos. Os materiais puderam ser distinguidos como da ordem por peculiaridades inerentes ao táxon, como tamanho dos ossos, cabeça do fêmur centralizada, e maior tamanho do úmero em relação ao próprio fêmur. Já em relação ao demais táxons, o diagnóstico foi feito principalmente em comparação com o material atual, com diversas características convergentes, como côndilos e epicôndilos e tamanho dos ossos. Pesquisas anteriores na mesma caverna já haviam registrado diversos táxons através do material craniano de quirópteros, sendo eles: Artibeus sp., Platyrrhinus sp., Phyllostomus sp., Demodus rotundus, Eptesicus sp., Lasiurus sp., Myotis sp. e Molossidae. O trabalho é importante pois confirma a diversidade dos morcegos durante todo o período na Bahia, dando luz a novas informações sobre a ordem. Espera-se poder chegar a identificações mais específicas no futuro e presume-se que há ainda muito a ser estudado, sendo que a dimensão e expansão destes animais pode ser muito maior do que é sabido até hoje.
Palavras-chave
Chiroptera; Quaternário; Ourolândia; Pós-crânio
Área
Paleontologia
Autores
Glaucio Silva, Carolina Saldanha Scherer