Dados do Trabalho
TÍTULO
MAMIFEROS DE MEDIO E GRANDE PORTE DA RPPN ESTAÇAO VERACEL E PARNA DO PAU-BRASIL, EXTREMO SUL DA BAHIA
Resumo
A Mata Atlântica do nordeste é classificada como uma região megadiversa, apresentando características de flora e fauna partilhadas com o bioma Amazônico. O extremo sul da Bahia, em particular, abriga parte dos últimos remanescente das Florestas Costeiras de Tabuleiro, sendo a Costa do Descobrimento considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Contudo, essa região continua sofrendo intensa pressão antrópica, restando apenas 2% da cobertura original, além de apresentar diversas lacunas de conhecimento sobre a sua fauna. Nesse contexto, monitoramos os mamíferos de médio e grande porte em duas unidades de conservação do extremo sul da Bahia utilizando armadilhamento fotográfico. Amostramos a RPPN Estação Veracel (RPPNEV; 6.069 ha) e o Parque Nacional do Pau-Brasil (PNPB; 19.027 ha), dois importantes remanescentes florestais dessa região. Instalamos duas grades de armadilhas fotográficas em ambas as áreas, sendo uma composta por 30 estações com uma armadilha) e espaçamento de 1,4 km entre as estações, e a outra por estações com duas armadilhas e espaçamento de 4 km (cinco estações na RPPNEV, e 10 no PNPB). As armadilhas foram instaladas em troncos de árvores a ~40 cm do solo, e operaram continuamente, sendo programadas para tirar três fotos sequenciais com intervalo de 0.6 segundos entre os disparos. O esforço amostral foi de 2040 armadilhas/dia na RPPNEV e 2350 armadilhas/dia no PNPB. Foram considerados registros independentes aqueles com intervalo superior a 60 minutos. As fotos foram identificadas no programa Wild.ID, e os dados analisados pelo pacote ‘camtrapR’ disponível no R 3.5.3. Registramos 20 espécies nativas de mamíferos de médio e grande porte na RPPNEV e 23 no PNPB, pertencentes a nove ordens e 18 famílias. Dessas espécies, seis são ameaçadas em nível estadual e nacional, e três em nível mundial. As espécies mais frequentemente registradas na RPPNEV foram a cutia (Dasyprocta leporina), o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) e o veado (Mazama spp.), enquanto no PNPB foram o tatu-galinha, o cachorro-do-mato (Cerdcyon thous) e o veado. Os estimadores de riqueza Jackknife de 1ª ordem e Bootstrap indicaram 22,9 ± 1,4 e 21,0 ± 0,8 espécies na RPPNEV, respectivamente, e 28,9 ± 2,4 e 25,3 ± 1,2 no PNPB, respectivamente. Considerando levantamentos anteriores, aumentamos a riqueza na RPPNEV em cinco espécies (N = 25), em destaque para o tapiti (Sylvilagus brasiliensis) e o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus). Para o PNPB, a riqueza foi aumentada em 10 espécies (N = 27), destacando o jupará (Potos flavus), o furão (Galictis spp.), a jaritataca (Conepatus semistriatus) e o gato-do-mato-pequeno. Os resultados desse estudo compreendem a primeira de oito campanhas de amostragem na região, apresentando novos registros e diversas espécies ameaçadas de extinção, o que destacam as áreas amostradas como importantes refúgios para a mastofauna.
Palavras-chave
Armadilhas fotográficas, Mata Atlântica, Espécies ameaçadas, Unidades de conservação
Financiamento
Veracel Celulose SA
Área
Inventário de Espécies
Autores
Marcelo Magioli, Elaine Rios, Priscilla Sales Gomes, Virgínia Londe Carmargos, Fábio André Faraco, Ronaldo Gonçalves Morato