X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

A VARIAÇAO MORFOLOGICA DA FOLHA NASAL DE MORCEGOS DA FAMILIA PHYLLOSTOMIDAE

Resumo

<p>A família Phyllostomidae é composta por 56 gêneros e 214 espécies. É exclusiva do neotrópico e engloba todas as guildas tróficas presentes na ordem dos mamíferos, com exceção de carniceiros. Um caráter distintivo dos morcegos da família Phyllostomidae é a presença de uma folha nasal, que apesar de ser um caráter conspícuo da família, sua morfologia e a função ainda não são totalmente esclarecidas sendo comumente associada a ecolocalização. Neste trabalho descrevemos a variação da forma da folha nasal de 41 espécies de filostomídeos por meio da morfometria geométrica, utilizando a técnica de Análise da Elipse de Fourier (EFA). A variação observada foi correlacionada com a filogenia, medidas morfométricas dos espécimes e dieta. Analisamos 152 indivíduos preservados em álcool, totalizando 41 espécies e 10 subfamílias. As faces dos espécimes foram fotografadas e medidas Morfométricas foram tiradas (cabeça-corpo e tamanho do antebraço). Os contornos das folhas nasais foram obtidos a partir das fotografias para a analise de Fourier gerando as elipses de descrição da forma e as harmônicas. A partir desses dados realizamos uma análise de componentes principal (PCA) onde a relação entre as espécies nesse espaço é utilizada para compreender quanto cada uma diverge uma da outra. Uma ANOVA foi realizada para verificar a relação das medidas morfométricas com a variação da forma da folha nasal e por fim, calculamos o sinal filogenético para compreender a relação da morfologia da folha nasal com o processo de diversificação do grupo. A PCA indicou que os três primeiros componentes correspondem a 98,5% da variância dos dados originais mostrando no resultado três grandes grupos. As analises da correlação do tamanho corporal com a variação da forma e tamanho de antebraço apresentaram um resultado não significativo (p=0.124 e p=0,596 respectivamente), demonstrando que não há correlação entre os fatores analisados e as variações da folha nasal. A analise de sinal filogenético K obteve um valor de 0.15, e mostrou-se significante (p=0,003), demonstrando que a variação da forma corresponde ao padrão de diversificação do grupo. Os resultados deste trabalho mostram que a variação da forma da folha nasal não está associada á variação de tamanho corporal das espécies, mas está fortemente relacionada a filogenia do grupo. A história evolutiva e a filogenia dos filostomídeos é bastante discutida na literatura, especialmente devido a sua alta variação de guildas tróficas. Autores já discutiram em trabalhos passados a possivel associação entre a variação da forma e a variação das dietas das espécies, entretanto a relação filogenética nunca foi discutida ou demonstrada. Os agrupamentos demonstrados na PCA sugerem uma correlação entre a forma da folha nasal e o tipo de alimentação das espécies uma vez que os grupos mais externos são formados por espécies mais especializadas em determinada dieta enquanto o grupo sobreposto é formado por espécies mais generalistas, indo de acordo com a proposta da relação entre a dieta&nbsp;e a forma das folhas nasais e preenchendo uma lacuna no conhecimento demonstrando a relação entre a folha e a filogenia do grupo.</p>

Palavras-chave

<p>Folha Nasal; Morfometria; Phyllostomidae; Filogenia</p>

Financiamento

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Luisa Souza Aguiar Machado, Julia Klaczko