X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

INFERENCIAS PRELIMINARES DE VARIAÇOES ECOMORFOLOGICAS EM ESQUELETOS APENDICULARES DE TAMANDUA TETRADACTYLA (XENARTHRA, PILOSA) DE DIFERENTES BIOMAS

Resumo

Tamandua tetradactyla Linnaeus, 1758 (Xenarthra, Myrmecophagidae) é a espécie de tamanduá mais abundante na América do Sul, ocorrendo do norte da Argentina ao norte da Venezuela e Trinidad e Tobago. A espécie ocorre em todos os biomas brasileiros: Amazônia, Pantanal, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa. Quatro subespécies são atualmente reconhecidas (Gardner, 2008): T. tetradactyla tetradactyla (Linnaeus, 1758), Tamandua tetradactyla nigra (É. Geoffroy, 1803), T. tetradactyla straminea (Cope, 1889), T. tetradactyla quichua Thomas, 1927. Contudo, estas subespécies foram majoritariamente descritas com base na morfologia externa (principalmente coloração de pelagem e tamanho de estruturas [e.g., orelhas]), estando a morfologia interna restrita a poucas descrições cranianas. Aqui, nós analisamos a anatomia do esqueleto apendicular de 50 espécimes de T. tetradactyla em uma perspectiva ecomorfológica depositados nas coleções mastozoológicas das seguintes instituições brasileiras: Museu Nacional da Universidade do Rio de Janeiro (MN); Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ/Macaé (NPM); Museu de Ciências da Terra da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (MR); Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (MCN/LOM); Universidade Estácio de Sá (UNESA). Os resultados prévios indicam que os espécimes oriundos da Amazônia, Pantanal, Caatinga e Cerrado apresentam os ossos longos com os acidentes ósseos majoritariamente menos protuberantes em sua conformação geral e diáfises mais alongadas e delgadas quando comparados com as mesmas estruturas em indivíduos da Mata Atlântica e Pampa. Além disso, as superfícies articulares dos ossos longos apresentam desgastes ligeiramente mais evidentes do que nos exemplares da Mata Atlântica. Ainda que o tamanho total dos ossos do esqueleto apendicular seja frequentemente semelhante entre a amostragem analisada, observou-se uma tendência a um maior comprimento nos espécimes oriundos da Amazônia, Pantanal, Caatinga e da porção norte do Cerrado, enquanto os espécimes da Mata Atlântica apresentavam um perfil ósseo mais desenvolvido em seu aspecto geral, mas menor eu seu tamanho total. Os espécimes do Pampa, até o momento, apresentaram maior similaridade em sua anatomia topográfica aqueles pertencentes a Mata Atlântica. A presença de ossos longos mais retilíneos e com maior desgaste nas superfícies articulares em vertebrados, como observado nos espécimes de T. tetradactyla das regiões Norte, Nordeste e Norte da Centro-Oeste, comumente estão associados ao uso de hábitos locomotores mais terrestres do que arborícolas, ao passo que diáfises mais curvadas, presentes principalmente nos espécimes do Sudeste, indicam membros mais adaptados a posturas semieretas e, em animais escansoriais, a utilização de locomoção mais arborícola. Ainda que diferenças ecomorfológicas sejam evidentes no esqueleto apendicular dos espécimes examinados como supracitado, novos estudos estão sendo desenvolvidos para compreender se a expressão dessas variações é relativa a características intraespecíficas individuais ou se outras categorias taxonômicas estão ocultas pela morfologia externa devido a uma condição críptica.

Palavras-chave

Ecomorfologia; Taxonomia; Vermilingua; Tamandua tetradactyla

Financiamento

Parte deste trabalho foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) com uma bolsa de doutorado para o último autor.

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Gabriele Rodrigues Souto, Vitória Maria Pereira Rosa, Ricardo Moratelli, Leonardo Cotts