Dados do Trabalho
TÍTULO
PRECISOU DE MUITO ESFORÇO PARA REGISTRAR CATETOS...
Resumo
Cateto (Pecari tajacu) está ameaçado de extinção no RS na categoria em perigo (Decr. Est. 51.797/2014) devido à destruição e fragmentação de habitat e caça. Registros de distribuição atualizados auxiliam nas revisões periódicas da legislação sobre espécies ameaçadas de extinção. Informações sobre abundância, distribuição e requerimento de habitat são necessárias para indicação de estratégias conservacionistas, especialmente, corredores de fauna. Apesar de ser rara no RS, esta espécie tem fácil detecção por ser inconfundível e ter boa capacidade de deslocamento (maior probabilidade de captura fotográfica e visualização de pegadas). Área de estudo: Floresta Nacional de São Francisco de Paula (FLONASFP) com área de 1606,7 ha no Planalto das Araucárias no nordeste do RS (29º23’45,6”S 50º22’54,0”W). Altitude média: 930 m relevo acidentado com cânions. Cobertura vegetal: Floresta Ombrófila Mista, plantações de pinheiros nativos (Araucaria angustifolia) e silvicultura de Pinus sp e Eucalyptus sp. Objetivo: monitorar mamíferos de médio e grande porte. Amostragens: armadilhas fotográficas com sensores ativos dispostas ao longo de estradas não pavimentadas e trilhas abertas entre a vegetação florestal e registro de pegadas. Período: março/1999 a fevereiro/2019 (todas estações do ano, 24 horas por dia e sem iscas). Área amostrada: 15,81 km². Esforço amostral: 26.326 armadilhas-dia (10 armadilhas fotográficas). Amostragem standard somente na parte alta e plana (1999-2008), em cinco trilhas amostradas em igual número de vezes de maneira alternada a cada dois meses e inclusão de trilha na encosta (2009-2013). Remoção da trilha na encosta (2014-2019). Taxa de sucesso de foto-capturas independentes: 18,9 capturas/100 armadilhas-dia, chegando a 4993 registros de 25 espécies de mamíferos silvestres nativos (>1kg). Houve 34 foto-capturas independentes de catetos (0,68%) considerada espécie esporádica na área. Histórico de detecção de catetos entre os anos 1999-2018 (00000000001101110111) população aberta. Primeiro registro de catetos ocorreu em 2010 (foto-captura e pegadas) na única trilha amostrada que desce a encosta de um vale. Matrizes de detecções para população fechada (estação de captura em períodos de um mês) comparando as cinco trilhas entre 2009-2013 revelaram capturas somente na trilha da encosta e não-detecção nas trilhas na parte alta e plana. A partir de 2014, a espécie começou a ser registrada na parte mais alta e plana através de fotos e pegadas. Padrão de atividade: 72% diurno entre 07:00 e 15:00 com maior atividade entre 09:00 e 10:00; 12% crepuscular às 06:00 (amanhecer), 18:00 e 19:00 (entardecer inverno e verão, respectivamente) e 16% noturno entre as 19:00, 20:00 e 23:00. Estações do ano: 47% inverno, 29,5% primavera, 14,7% outono e 8,8% verão. Número de indivíduos registrados por captura fotográfica independente: um indivíduo (27 vezes), dois indivíduos (cinco ocasiões), três indivíduos (dois eventos). Primeira captura fotográfica com mais de um indivíduo em 2015 e em 04/09/2018 registrado um filhote pequeno acompanhando adultos. Monitoramento contínuo demonstrou ocorrência de Pecari tajacu na FLONASFP, sendo mais uma espécie ameaçada de extinção registrada nesta Unidade de Conservação de uso sustentável. Vales em região de cânions podem ser considerados corredores de fauna, onde a vegetação não foi destruída e o acesso de caçadores fica dificultado.
Palavras-chave
armadilhas fotográficas, floresta com araucárias, monitoramento, Pecari tajacu
Área
Biologia da Conservação
Autores
Rosane Vera Marques