X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

Registro de miíase em Artibeus fimbriatus e Sturnira lilium (Chiroptera; Phyllostomidade) no município de São Paulo.

Resumo

O parasitismo por larvas de dípteras em mamíferos é registrado por muitos autores e são de relevância para mastozoólogos, entomólogos e também para Saúde Pública, em especial as que causam miíase. Este estudo registra os primeiros casos de miíase em morcegos no município de São Paulo, região Sudeste do Brasil. O Setor de Quirópteros da Divisão de Vigilância de Zoonoses de São Paulo (DVZ-SP), através de vigilância passiva, recebeu do Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores, após a realização do exame de diagnóstico de raiva dois espécimes de morcegos da família Phyllostomidae, em Abril de 2016 e Março de 2018. Após o diagnóstico de raiva foi realizada a identificação das espécies e coletado as medidas morfométricas, sexo, estado reprodutivo e peso dos animais. Em ambas as espécies foi notada uma intumescência no abdomem, onde foi realizado uma incisão para remoção das larvas localizadas abaixo da derme, sendo posteriormente identificadas pelo Laboratório de Identificação e Pesquisa Sinantrópica. O primeiro morcego, Sturnira lilium foi encontrado ainda vivo, caído no chão e com dificuldade para levantar voo no quintal de uma residência no Distrito de Sacomã, região Sudeste do município de São Paulo. Este morcego, uma fêmea lactante, pesando 19 g, estava identificado com um colar plástico com número 113, porém não foi possível encontrar o responsável pela marcação. O segundo morcego, Artibeus fimbriatus foi encontrado morto, caído em via pública no Distrito de Capão Redondo, região Sul do município de São Paulo. Era um macho adulto, pesando 45 g. As larvas apresentavam coloração castanha escura coberta com pequenas espículas quase pretas e pesavam 0,225 g e 0,428 g, representando 1,2% e 1% do peso de S. lilium e A. fimbriatus, respectivamente. As larvas de terceiro instar foram retiradas mortas, sendo possível classificá-las somente em família Cuterebridae. Foi possível notar ausência de pelos no local onde as larvas estavam alojadas, indicando coceira intensa e desconforto aos morcegos, sugerindo que a dificuldade de voo observado em S.lilium possa estar relacionada a este fato.  A. fimbriatus e S. lilium são morcegos frugívoros que pertencentes à família Phyllostomidae, portanto sugere-se que a infestação pelas larvas possa ter ocorrido pela ingestão dos ovos depositados em folhas ou frutos consumidos por morcegos. Como não há registro até o momento de larvas de dípteros parasitando morcegos, é possível que nestes dois casos os hospedeiros sejam acidentais. Larvas de hospedeiros não convencionais raramente atingem a fase adulta, mesmo em condições favoráveis, conforme a literatura relata. Os morcegos deste estudo morreram antes das larvas atingirem o estagio pupal, não havendo possibilidade de saber se isto ocorre em todos os casos. As ações de vigilância epidemiológica dos Centros de Controle de Zoonoses são de grande relevância para o conhecimento da fauna parasitária em animais silvestres, estabelecendo as áreas de ocorrências destes ectoparasitos e sua importância para a saúde pública como potenciais vetores de zoonoses. 

Palavras-chave

Miíase, parasitismo, quiróptero

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Adriana Ruckert Rosa, Debora Cardoso Oliveira, Ana Cristina Ferreira Couto