Dados do Trabalho
TÍTULO
EFEITOS DA MEGAFAUNA DOMESTICA E DA PAISAGEM NA RIQUEZA DE MAMIFEROS DE MEDIO E GRANDE PORTE EM FRAGMENTOS DE MATA ATLANTICA
Resumo
A conversão da paisagem para uso antrópico, como agricultura e pecuária representam cerca de 80% do desmatamento florestal no mundo todo e é a principal causa das taxas de perda de biodiversidade global. A substituição da floresta por terras agrícolas abertas, como as pastagens, tem consequências previsivelmente severas para a biodiversidade animal e florestal. Poucas espécies conseguem manter populações viáveis em sistemas pecuários tropicais, sofrendo pressões diretas da presença do gado, como a intensa pressão de competição e interferência, ou indiretas, com mudanças na estrutura da vegetação que influenciam na disponibilidade de recursos e locais para nidificação. Neste estudo buscamos compreender como a estrutura da paisagem e a presença do gado podem afetar a riqueza de mamíferos de médio e grande porte em fragmentos de Mata Atlântica. Escolhemos 20 paisagens de remanescentes com diferentes coberturas florestais (7 – 98%) imersas em matriz de pasto, no estado de São Paulo. Em cada uma das paisagens foram utilizadas oito armadilhas-fotográficas instaladas durante 30 dias, para a obtenção da composição de mamíferos de médio e grande porte. Para verificar como as variáveis da paisagem (cobertura florestal, de pasto e outros (%), área estrutural (ha) e área de borda (ha), e certas características do habitat (presença e ausência de: corpos hídricos, recursos alimentares, cercas ao redor do fragmento e quantidade de gado (n)) influenciam na riqueza das espécies de mamíferos, utilizamos os Modelos Lineares Generalizados (GLM) e a seleção dos modelos a partir dos pesos de Akaike. Também realizamos uma análise de redundância (RDA) para verificar a relação entre as espécies com as variáveis explanatórias de paisagem e do habitat. Ao total, foram registradas 31 espécies de mamíferos de médio e grande porte, incluindo quatro representantes exóticos e/ou domésticos. A espécie mais comum foi Didelphis albiventris registrada em todas as paisagens, e registramos um indivíduo de Speothos venaticus, uma espécie naturalmente rara. A partir dos resultados gerados pelo GLM, observamos que o modelo nulo é o mais explicativo, seguido pela presença de recursos alimentares. A RDA mostrou uma relação significativa entre a composição de mamíferos e as métricas da paisagem e habitat (R2 = 0.28), onde o primeiro eixo da ordenação explicou 62% da variação, sendo a cobertura florestal a maior parte da variância. Nossos resultados indicam que as paisagens dominadas por pastagens contêm grande parte da fauna de mamíferos encontrados na região, sendo compostas em sua maioria por espécies generalistas, não-florestais e/ou exóticas, pois são tolerantes a perturbações e persistem em habitats altamente degradados e fragmentados, como os com matriz de pasto. A partir dos resultados da RDA observamos que houve uma associação positiva entre a cobertura de pastagem e a quantidade de gado sobre a presença de animais exóticos e de mamíferos de áreas savânicas, como as duas espécies de tamanduás. Dessa forma concluímos que paisagens antropicamente abertas e a quantidade de gado facilitam a presença de espécies de grande porte de áreas savânicas e também espécies exóticas, invasoras ou domésticas, podendo alterar a composição da comunidade biológica.
Palavras-chave
Mamíferos; Gado; Fragmentação; Paisagem.
Financiamento
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Código 001
Área
Ecologia
Autores
LAIS LAUTENSCHLAGER, MAURO GALETTI