Dados do Trabalho
TÍTULO
ISOLAMENTO DO VIRUS RABICO EM MORCEGO INSETIVORO NO INTERIOR DO AGRESTE PERNAMBUCANO
Resumo
Dentre as zoonoses existentes a raiva é considerada uma das mais importantes na Saúde Pública, levando a morte em quase 100% dos casos. Atualmente os morcegos são os principais transmissores do vírus rábico a humanos no Brasil. Até o momento em Pernambuco 23 dos 182 municípios tem registros de morcegos positivos para a raiva. O presente trabalho relata o primeiro caso de morcego positivo infectado com o vírus da raiva em Cumaru, Agreste de Pernambuco. A cidade dista há 120 km da capital Recife, de clima semiárido possui uma vegetação composta de Caatinga hiperxerófila e Mata Atlântica seca, a Cidade é bastante arborizada quando comparado aos municípios vizinhos, possui uma densidade demográfica de 58,80 hab/km² e uma população estimada em 11.635 habitantes. Durante a noite do dia 01/08/2018 um morcego adentrou uma residência, fez voo pelos cômodos desaparecendo logo em seguida, no dia seguinte o animal foi encontrado às 14:30h caído no chão de um dos quartos ao lado da cama de um casal de idosos e posteriormente morto pela moradora. O espécime foi coletado do lixo após informação do ocorrido, e enviado para identificação e análise ao LACEN-PE. Identificado como Myotis lavali (Moratelli, Peracchi, Dias e Oliveira, 2011) um insetívoro (Vespertilionidae) macho adulto e após a análise da técnica de imunofluorescência direta foi diagnosticado com o vírus. Não houve contato direto entre os moradores da residência com o morcego e a proprietária não possuia animais domésticos. O LACEN-PE recebeu apenas 14 amostras (7 Bovinos; 5 caninos; 1 Caprino e 1 Morcego), enviadas do Município, nos últimos 40 anos para análise rábica. Até o momento os relatos de amostras positivas para o vírus rábico no Município eram apenas para bovinos (n=4) e o último caso havia sido registrado em novembro de 2007. Este relato representa o primeiro registro de raiva em morcegos no município e indica que o vírus rábico ainda circula no município inclusive na área urbana. É importante salientar que por ser uma doença altamente perigosa e por ter sido encontrado o animal infectado dentro de um cômodo de uma residência onde circulam moradores, o risco de contaminação é eminente, principalmente pelo fato da falta de conhecimento de muitos munícipes em informar sobre esses eventos. No presente relato o animal só foi coletado, pois a moradora comentou o fato com sua neta que trabalha com morcegos. Myotis lavali é uma espécie de morcego de pequeno porte que quando adulto atinge cerca de 4g, sua pequena dentição causa um pequeno ferimento e em muitos casos pouco indolor o que pode levar as pessoas mordidas acidentalmente a não procurarem um posto médico. Dessa forma é necessário conscientizar a população sobre a importância de informar quando encontram morcegos caídos no chão ou com comportamento atípico. Entretanto, não devemos desconsiderar a importância desses animais para o ambiente onde estão inseridos, pois efetuam inúmeros serviços ecossistêmicos, sendo assim não se deve eliminar e sim aprender a conviver com os morcegos.
Palavras-chave
Chiroptera, Lyssavirus, Myotis lavali, urbano, Vespertilionidae
Área
Parasitologia/Epidemiologia
Autores
Rosângela Margarida Silva, Jailson Lúcio Santos, Luiz Augustinho Menezes Silva, José Lindenberg Martins Machado, Marcos Alexandre Barbosa Santana