X CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA

Dados do Trabalho


TÍTULO

HABITO ALIMENTAR DE PEQUENOS MAMIFEROS DA FLORESTA ATLANTICA NO NORDESTE DO BRASIL

Resumo

Os estudos sobre hábitos alimentares de pequenos mamíferos na Floresta Atlântica estão até o momento concentrados no Sudeste do Brasil. Assim, há urgência de pesquisas no Nordeste, especialmente no Centro de Endemismo de Pernambuco (CEPE), que em comparação a outras áreas de Floresta Atlântica, é o mais devastado, menos conhecido e considerado uma das regiões do planeta com maior urgência de conservação. Objetivamos neste trabalho descrever e analisar a dieta de seis marsupiais (Didelphidae) e dois roedores (Sigmodontinae) em uma área de Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil. Estimamos a dieta a partir da análise de 171 amostras de conteúdos fecais coletadas entre março de 2011 e maio de 2015. A diversidade alimentar foi estimada através do Índice de Shannon e comparada entre as estações climáticas, sexo e idade com o uso do teste-t de Hutcheson. Além disso, buscamos comparar a abundância de todos os itens alimentares, para tanto, utilizamos da prova de U não-paramétrica Mann-Whitney. Invertebrados foi a categoria mais consumida por todas as espécies, com destaque para Hymenoptera e Coleoptera, congruente ao fato de que a macrofauna de solo é dominada especialmente pelas formigas e, em menor escala, pelos besouros. Em sengundo, material vegetal, aparecendo em grande quantidade na dieta de Didelphis albiventris, incluindo frutos de vegetação secundária (por exemplo, Cecropia e Miconia), além de vertebrados: lagartos, aves e um roedor. Didelphis albiventris teve uma diversidade alimentar, na estação úmida, maior que a de M. murina (p = 0,05). Quando comparamos sua alimentação em diferentes biomas, percebemos baixa variação, alta plasticidade, bem como, uma espécie potencialmente dispersora de sementes de vegetação secundária. Nos demais testes a nível inter-populacional não houveram diferenças significativas na diversidade e na quantidade dos itens (p< 0,05). Marmosa murina consumiu 52% artrópodes, espécies do mesmo gênero, tais como M. (Micoureus) paraguayana e M. (Micoureus) demerae possuem uma frequência de artrópodes similar em sua dieta no bioma Floresta Atlântica no Sudeste. Materiais de origem vegetal compuseram 23% da dieta do roedor Necromys lasiurus, corroborando com dados de estudos realizado na Savana Amazônica e na Floresta Atlântica. Os invertebrados tiveram a maior frequência de ocorrência (70%) na alimentação de Monodelphis domestica, diferindo de espécies congenéricas, tais como M. brevicaudata e M. dimidiata na Floresta Atlântica no Sul do Brasil que mostraram um hábito alimentar mais variado, comendo também roedores, frutos, carniça e aves. Todas as espécies aqui estudadas se mostraram oportunistas ao se alimentarem mais de invertebrados, sendo também considerado esse item uma importante fonte de alimento. A diferença de área de vida dessas espécies, exploração espacial vertical e os diferentes tamanhos corporais (o que faz variar as necessidades energéticas) podem explicar a distinção na ocorrência dos itens alimentares. As espécies Gracilinanus agilis, Marmosa demerae, Cryptonanus agricolai, e Cerradomys langguthi permitiram inferências preliminares, a serem corroboradas posteriormente. 

Palavras-chave

Palavras-chave: Centro de Endemismo de Pernambuco; Diversidade alimentar; Marsupiais; Roedores; Sazonalidade

Financiamento

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Área

Ecologia

Autores

Paula Ribeiro de Souza, Diego Astúa Moraes, Alexandre Ramlo Palma