Dados do Trabalho
TÍTULO
DIVERSIDADE DE MAMIFEROS DE MEDIO E GRANDE PORTE EM UMA PAISAGEM ANTROPICA NA REGIAO CENTRAL DE MINAS GERAIS.
Resumo
Mamíferos de médio e grande porte (>1kg) constituem um grupo altamente susceptível à extinção, devido a fatores como baixas taxas intrínsecas de crescimento e alto potencial cinegético. No Brasil, a perda de biodiversidade de mamíferos é especialmente preocupante no Cerrado, devido à alta taxa de desflorestamento aliada à ausência de marcos legais protetivos específicos para o bioma. Entretanto, ainda existem áreas de Cerrado cuja mastofauna é relativamente pouco conhecida. Este trabalho acessou a riqueza e composição da mastofauna de médio e grande porte em uma área de aproximadamente 2.000 hectares localizada na zona rural do município de Abaeté/MG. A área de estudo, que compreende a localidade conhecida como Mata da Oncinha, é composta basicamente por pastagens, eucaliptais, cursos d’água e fragmentos de vegetação nativa savânica e florestal de Cerrado. Entre os anos de 2016 e 2019, foram realizadas buscas ativas ad libitum por evidências diretas e vestígios de mamíferos. Entre 2018 e 2019, também foram utilizadas duas armadilhas fotográficas, instaladas em 16 sítios amostrais distribuídos em eucaliptais e fragmentos de Cerrado. As armadilhas fotográficas operaram em média 32 dias, e esforço amostral de 504 armadilhas-dia. Registros com intervalo ≥1 hora foram considerados independentes, e espécies de menor porte que puderam ser identificadas fidedignamente também foram consideradas. Ao todo, foram registradas 17 espécies de mamíferos: Cabassous unicinctus, Chrysocyon brachyurus, Calithrix penicillata, Cerdocyon thous, Didelphis albiventris, Dasypus novemcinctus, Euphractus sexcinctus, Hydrochoerus hydrochaeris, Leopardus pardalis Mazama gouazoubira, Myrmecophaga tridactyla, Nasua nasua, Procyon cancrivorus, Puma concolor, Priodontes maximus, Pecari tajacu e Tamandua tetradactyla. Foram registradas 14 espécies de mamíferos (87,5%) via armadilhamento fotográfico, enquanto Cabassous unicinctus, Leopardus pardalis e Hydrochoerus hydrochaeris foram identificadas somente por meio de vestígios. Myrmecophaga tridactyla foi a espécie mais frequentemente fotografada (23%), e com maior ocupação espacial: 12 sítios amostrais (75%). Durante as buscas ativas, Myrmecophaga tridactyla foi visualizado e também registrado por pegadas e uma carcaça de indivíduo atropelado. Ao todo, seis (35%) espécies ameaçadas de extinção foram registradas neste estudo: Chrysocyon brachyurus, Myrmecophaga tridactyla, Leopardus pardalis, Puma concolor, Priodontes maximus e Pecari tajacu. A riqueza e composição de mamíferos demonstram que esta paisagem ainda é ocupada por espécies cuja conservação é prioritária, dentre elas espécies-chaves, como predadores de topo de cadeia, e um expressivo número de espécies ameaçadas de extinção. Tal fato reforça a importância das Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente para a manutenção da biodiversidade, áreas estas que compreendem a maior parte dos hábitats nativos e recursos hídricos superficiais na paisagem estudada. A manutenção dessas áreas, aliada à aplicação de outros instrumentos de conservação, como educação ambiental, pode não só proporcionar o aumento da biodiversidade, como melhoria em serviços ecossistêmicos importantes para a população humana local, como controle de pragas e dispersão de sementes.
Palavras-chave
riqueza, composição, espécies ameaçadas, Abaeté.
Área
Inventário de Espécies
Autores
Rodolfo Assis Magalhães, Flávio Henrique Guimarães Rodrigues