Dados do Trabalho

Título

O sagui-dos-Munduruku: a nova espécie de primata do Sul da Amazônia

Resumo

<p>Os saguis da Amazônia (<em>Callibella humilis</em>, <em>Cebuella spp</em>., <em>Mico spp</em>.) estão entre os primatas neotropicais menos conhecidos e estudados. Até mesmo a diversidade e a distribuição das espécies ainda precisam ser devidamente determinadas porque os dados de campo existentes e o material disponível em coleções científicas são escassos e não permitem estudos taxonômicos abrangentes neste grupo de primatas. Entre 2015 e 2018, conduzimos 10 expedições de campo em áreas-chave do sul da Amazônia onde havia pouca ou nenhuma informação sobre saguis. Numa destas áreas, o interflúvio Tapajós–Jamanxim, registramos saguis com padrão de pigmentação da pelagem distinta das demais espécies do gênero <em>Mico</em> e que, portanto, poderiam representar uma espécie ainda não descrita. Testamos esta hipótese utilizando uma abordagem integrativa em taxonomia, a qual incluiu dados genômicos, caracteres de pigmentação da pelagem e registros de distribuição. Descobrimos que os saguis do norte do interflúvio Tapajós–Jamanxim apresentam estados únicos nos caracteres de pigmentação da pelagem, formam um clado com suporte máximo nas filogenias geradas através de inferência Bayesiana e máxima verossimilhança, e ocorrem em uma área amplamente isolada de outras espécies de <em>Mico</em> por rios. A integração destas evidências nos levou a descrever uma nova espécie de <em>Mico</em> com base nos critérios operacionais dos conceitos biológico e filogenético de espécies. A nova espécie é nomeada em homenagem ao povo indígena Munduruku: o sagui-dos-Munduruku, <em>Mico munduruku</em>. O sagui-dos-Munduruku é endêmico do sudoeste do Pará, região do arco do desmatamento onde há intensos conflitos entre conservacionistas, indígenas, madeireiros, garimpeiros, grileiros, e ruralistas. As florestas das quais os saguis e os índios Munduruku dependem estão sendo reduzidas rapidamente e mais pesquisas e investimentos são urgentes para subsidiar medidas concretas de conservação da diversidade biológica e de proteção aos indígenas no interflúvio Tapajós-Jamanxim.</p>

Financiamento

<p>Bolsa de doutorado – FAPEAM, CAPES e CNPq; fomento das atividades de campo e laboratório – Conservation Leadership Programme, Global Wildlife Conservation’s Margot Marsh Primate Action Fund, CAPES Pró-Amazônia, NSF/FAPESP Dimensions of Biodiversity e Idea Wild.</p>

Palavras-chave

<p>Descoberta de espécies; Taxonomia integrativa; Exploração de campo</p>

Área

Área 4 - Sistemática