Apresentação

Desde 2014, a ABRAT – Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas realiza o Encontro de Direito Sindical, com periodicidade anual, que percorre o Brasil e pretende contemplar todos os estados brasileiros.  

 

A cidade sede do evento será a Capital das Alterosas, Belo Horizonte/MG, que renderá homenagens ás mulheres mineiras com histórias de luta, resistência e coragem.

 

“O SINDICALISMO NASCIDO DO VENTRE DA LUTA” é o tema central do VI Encontro de Direito Sindical, com o objetivo de articular atores sociais, juristas, advogadas (os), dirigentes sindicais, juízes (as), representantes do Ministério Público e demais interessados em torno da afirmação dos direitos sindicais como fundamental para a sociedade democrática.

Um evento construído com a participação exclusiva de mulheres nas palestras e que se inspirou nas histórias daquelas que se movimentaram e que se movimentam com coragem e garra para a alteração da rota da história de dilapidação dos direitos sociais, que desconstrói a cada dia a democracia no país.

 

HELENA GRECO, nascida em Abaeté/MG. Uma ativista política brasileira, com atuação na ditadura militar na defesa de presos e torturados políticos. Primeira Vereadora em Belo Horizonte em 1982.

 

ZUZU ANGEL, nascida em Curvelo/MG em 1921. Primeira estilista brasileira mulher em uma época que somente os homens tinham este título. Uma mulher que se opôs ferrenhamente ao governo militar na busca pelo direito de sepultar seu filho, torturado e assassinado pela ditadura, tendo passado anos denunciando as arbitrariedades dos anos de chumbo.

 

Foi na região industrial de Contagem, em 1968, que trabalhadores da Siderúrgica Belgo Mineira, desafiaram a lei antigreve e forçaram o primeiro reajuste salarial da ditadura. Uma greve que teve o comando de uma mulher - CONCEIÇÃO IMACULADA DE OLIVEIRA, Secretária do Sindicato dos Metalúrgicos, presa grávida e submetida a um aborto criminoso em uma sala comum do DOPS de Belo Horizonte.(1)

 

Mulheres como GILSE AVELAR, integrante do movimento popular de apoio às greves de Minas e levada à prisão junto com outras quatro mulheres: LORETA KIEFER VALADARES, DELCY GONÇALVES, MARIA DO ROSÁRIO CUNHA PEIXOTO E LAUDELINA MARIA CARNEIRO e que sofreram torturas físicas, psicológicas e sexuais.¹

 

DILMA ROUSSEFF, nascida em Belo Horizonte/MG. Torturada na ditadura militar e primeira mulher a ocupar a cadeira da Presidência da República Federativa do Brasil.

 

HELEY DE ABREU SILVA BATISTA, Professora morta na tragédia do incêndio da creche Gente Inocente em Janaúba/MG em 2017 com 90% do seu corpo queimado,  ao proteger crianças do ataque de um funcionário que  ateou fogo em si e em várias crianças na sala de aula.

 

Neste cenário atual de substituição das relações sociais, por algoritmos, mulheres estarão nas mesas de debate trazendo reflexões importantes sobre  o sindicalismo e as alternativas para a reconstrução da história.

Em um Brasil que busca por meio da aprovação de legislações construídas de forma açodada, o estrangulamento das entidades sindicais e criminalização das greves, Advogadas, Juízas, Procuradoras do Trabalho, Professoras e Sindicalistas estarão compartilhando ideias, conhecimentos acadêmicos e de militância, em uma interseccionalidade de pautas absolutamente necessária para a alteração da rota na busca pela afirmação dos direitos sindicais como fundamental para a sociedade democrática.

Na mineiridade que “não se anula” nos dias 14 e 15 de maio de 2020, será erguida a bandeira da (re) estruturação de um movimento sindical pujante e independente.

“Só que mi­neiro não se move de graça. Ele per­­manece e conserva. Ele espia, indaga, protela ou palia, se sopita, tolera, remancheia, perrengueia, sorri, escapole, se retarda, faz véspera, tempera, cala a boca, matuta, destorce, engambela, pauteia, se prepara. Mas, sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz.” (Guimarães Rosa)

 

 

 

¹(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2015000301001#fn18)