XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Genética forense identifica pelos de Leontopithecus sp. em cílios postiços apreendidos em aeroporto internacional

Corpo do texto

A aplicação de ferramentas da genética molecular em estudos forenses da biodiversidade tem contribuído para elucidar casos de crimes contra a fauna, permitindo gerar provas científicas contundentes em casos de suspeita de caça, porte, comércio e/ou tráfico ilegal de animais silvestres, ou partes destes, a partir da análise de vestígios de material biológico apreendido pela Polícia Ambiental, Polícia Federal, IBAMA, entre outros órgãos fiscalizadores. Nesse estudo, nós analisamos amostras de cílios postiços apreendidos no Aeroporto Internacional de Guarulhos (São Paulo), juntamente a uma remessa ilegal de répteis e partes secas desses animais. Para a análise forense, fragmentos dos cílios foram submetidos a extração de DNA. A eletroforese detectou a presença de DNA no material, em princípio declarado como de origem sintética. O DNA obtido foi posteriormente submetido a amplificação dos genes mitocondriais Citocromo Oxidase I (COI) e 16S RNA ribossômico (16SrRNA). O sequenciamento dos amplicons foi analisado e comparado com sequências de referências do banco de dados do Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação (LabBMC), GenBank e BoldSystems. As análises de bioinformática revelaram alta identidade genética entre o DNA dos cílios apreendidos e o DNA de micos-leões. O gene 16SrRNA indicou cerca de 96% de similaridade entre o DNA dos cílios e os DNAs do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus). O gene COI, por sua vez, evidenciou uma maior similaridade com o DNA do mico-leão-dourado (99,7%). Considerando que nos experimentos laboratoriais, resíduos de tinta escura foram obtidos durante as extrações de DNA, os resultados deste trabalho sugerem que os cílios postiços apreendidos foram confeccionados a partir de pelos de micos-leões-dourados. Este estudo é inédito no Brasil e demonstra a aplicação da genética forense para auxiliar os órgãos e agências fiscalizadoras a resolver questões relacionadas a crimes contra a biodiversidade.

Financiadores

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, 317345/2021-4; 303524/2019-7);  Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp, 2022/01741-3).

Palavras-chave

Genética Forense, Crime contra Fauna, Micos-Leões, Primatas

Área

Genética

Autores

PATRICIA DOMINGUES DE FREITAS, Carla Gestich, Bruno Saranholi, Pedro Galetti Jr.