Dados do Trabalho

Título

Caracterização de dormitórios naturais usados por micos-leões-pretos[Leontopithecus chrysopygus] no Parque Estadual do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio, SP

Corpo do texto

Os dormitórios naturais desempenham um papel fundamental na sobrevivência do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), fornecendo proteção contra predadores, conforto térmico e demarcação territorial. Essa espécie, endêmica da Mata Atlântica de Interior do estado de São Paulo, enfrenta ameaças decorrentes da severa perda e fragmentação de seu habitat natural. O presente estudo teve como objetivo caracterizar os dormitórios naturais utilizados por dois grupos de mico-leão-preto no Parque Estadual do Morro do Diabo, localizado no Pontal do Paranapanema, entre fevereiro e setembro de 2023. Nesse período, os micos foram observados utilizando 23 ocos naturais como dormitório, em 42 ocasiões. Outros 3 registros foram realizados no período diurno, enquanto o grupo estava sendo monitorado por telemetria, em período de habituação. As árvores apresentaram, em média, 15,2 ± 6,73 de altura, sendo a entrada do oco a 6,9 ± 4,02 m, e 51,8 ± 17,1m de DAP. Em onze árvores, a entrada do oco não pôde ser visualizada devido à presença de folhagem ou lianas. A escolha dos dormitórios parece estar relacionada à pressão de predação, com uma tendência a preferir árvores com copas mais fechadas e com menos conexões para evitar predadores. Somente em duas ocasiões o mesmo oco foi usado em dias consecutivos, sugerindo que a variedade de dormitórios dentro da área de vida dos grupos favorece a segurança da espécie. Comportamentos de marcação nas entradas dos ocos foram observados, destacando esse como um recurso importante dentro da sua área de vida. Os resultados deste estudo destacam a importância de identificar as preferências de uso de recursos essenciais por espécies ameaçadas como o mico-leão-preto. Essas informações podem orientar ações de manejo do habitat, especialmente em áreas onde esses recursos são escassos.

Financiadores

Disney Conservation Fund, Durrell Wildlife Preservation Trust

Palavras-chave

Callitrichidae; uso de ocos; monitoramento in situ