XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Identificando as vítimas e suas localizações: um estudo sobre o impacto da Febre Amarela em populações de Bugios-ruivos (Alouatta guariba)

Corpo do texto

Um severo surto de Febre Amarela atingiu o Brasil entre 2016-2017, resultando em uma alta mortalidade de primatas não-humanos, especialmente os Bugios (Alouatta sp.). Estes primatas exibem dimorfismo sexual, os machos adultos são mais robustos e possuem o osso hioide maior. No entanto, pouco se sabe sobre variações entre sexos e classes etárias quanto a outras medidas morfométricas. O objetivo deste estudo foi avaliar o dimorfismo sexual e a variação ontogenética através de variações morfométricas cranianas, bem como caracterizar o perfil demográfico dos Bugios afetados pelo surto de Febre Amarela no Espírito Santo, e mapear os locais de coleta dos espécimes. Foram analisados 155 exemplares de Alouatta guariba, preparados e depositados no Instituto Nacional da Mata Atlântica. Através da técnica de morfometria tradicional, foram mensuradas 20 dimensões cranianas e três do hioide, além de análises por agrupamentos morfofuncionais dos ossos. A determinação do sexo foi realizada pela medida do hioide e análise discriminante linear, enquanto a classificação etária considerou dentição e suturas ósseas. O dimorfismo sexual nas variáveis cranianas foi identificado independentemente da presença do hioide, sugerindo que ocorre antes da idade adulta nos Bugios. As regiões morfofuncionais que apresentaram dimorfismo sexual a partir da classe etária sub-adulta foram: hioide, mandíbula, oral, nasal e zigomática. Em contrapartida, as que não apresentaram, foram: abóboda craniana, base do crânio e orbital. O perfil demográfico dos espécimes é representado por: 13,54% infantes, 5,16% jovens 27,09% sub-adultos, 48,48% adultos, e 5,50% senis. Com relação ao sexo, 58,70% machos, 34,19% fêmeas, e 7,09% indeterminados. O mapeamento das amostras indicou coletas em 116 localidades, principalmente no sul do ES. Esses resultados aprofundam a compreensão das respostas morfológicas cranianas de Alouatta em relação ao desenvolvimento sexual/etário e estimulam a discussão sobre a disparidade de gênero nas amostras, em consonância com dados de primatas-humanos afetados pela Febre Amarela.

Financiadores

não se aplica.

Palavras-chave

Atelidae;Morfometria;Dimorfismo sexual

Área

Morfologia

Autores

Patricia Palmeira Bellon, Elisandra de Almeida Chiquito, Sérgio Lucena Mendes