Dados do Trabalho
Título
Recursos alimentares registrados para muriquis (Brachyteles Spix, 1823) na literatura revisada por pares
Corpo do texto
Os muriquis (Brachyteles) são primatas majoritariamente frugívoros, dependentes de florestas, endêmicos da Mata Atlântica. O atual estado de desmatamento e fragmentação deste bioma influencia a disponibilidade de recursos. Revisamos os recursos alimentares de muriquis (Brachyteles arachnoides (Ba) e Brachyteles hypoxanthus (Bh)) na literatura científica utilizando o Web of Science (busca pelas espécies) e o periódico Neotropical Primates (completo) em busca de artigos, até março de 2022. Nos artigos encontrados coletamos: local do estudo, data, itens alimentares e partes consumidas. Encontramos 227 registros de recursos alimentares para Ba (16 artigos), e 81 para Bh (nove). O estudo mais antigo é de 1981 (Ba), com maior número de estudos em 2005 (quatro estudos), 2008 (três) e 2017 (quatro), considerando o gênero. A maioria dos registros alimentares para Brachyteles foi de plantas (99,3%), principalmente frutos (60%), folhas (22%) e flores (15%), contabilizando 57 famílias, 133 gêneros e 150 espécies identificadas de plantas (duas exóticas). Myrtaceae (36 registros), Lauraceae (21) e Fabaceae (19) foram as famílias mais frequentes para Ba, enquanto Fabaceae (13), Lauraceae (7) e Bignoniaceae (7) foram para Bh. Eugenia (14 registros), Ocotea (12) e Inga (8) foram os gêneros mais registrados para Ba, e Mabea (4) e Ocotea (4) para Bh. Para o gênero, há diferença significativa entre a riqueza observada dos táxons individuais (S=166) e estimada (S'=280±7.8; Jackknife1), e expectativa de ao menos 115 novas espécies havendo continuidade amostral. Há um viés geográfico nos locais de estudo, com apenas duas localidades para Bh e cinco para Ba. O conhecimento sobre recursos alimentares pode subsidiar estratégias de conservação para essas espécies – classificadas como Criticamente Em Perigo de extinção, como viabilidade das populações nas áreas atuais e novas, enriquecimento local, orientação para restauração e conectividade de habitats. Reforçamos a necessidade de estudos em diferentes localidades ao longo das distribuições geográficas.
Financiadores
Esse estudo foi parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Finance Code 001. Agradecemos a CAPES pelas bolsas de mestrado para BSS e doutorado para VLV, e para pós-doc para RB-M (Programa Nacional de Pós Doutorado – PNPD, processo: 88887.320996/2019-00).
Palavras-chave
dieta; hotspot; plantas
Área
Ecologia
Autores
Jennifer Scarleth Silva Moura, Bruna Santana Silva, Vagner Lacerda Vasquez, Raone Beltrão-Mendes, Míriam Plaza Pinto