11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

ESTRESSE, DEPRESSÃO E SUPORTE FAMILIAR EM PACIENTES EM DIÁLISE PERITONEAL E HEMODIÁLISE

Resumo

As doenças crônicas na atualidade têm recebido atenção especial das organizações que tratam da saúde. Essas moléstias repercutem de diversas maneiras no cotidiano do indivíduo, envolvendo seus aspectos físico, psicológico e social. Uma das doenças da atualidade é a Doença Renal Crônica (DRC), a qual se refere à alteração na função do rim sendo a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes as principais causas. Esta enfermidade incide de forma muito negativa na qualidade de vida dos pacientes que, quando em estágio avançado, precisam iniciar a Terapia Renal Substitutiva (TRS). A hemodiálise (HD) e a diálise peritoneal (DP) são os métodos de TRS mais utilizados, o primeiro é realizado em ambiente ambulatorial e o segundo em domicílio. O objetivo deste estudo foi relacionar a presença de estresse e depressão considerando a percepção de suporte familiar em pacientes em diálise peritoneal e hemodiálise, associada a dados demográficos. Participaram da pesquisa 77 sujeitos que realizavam TRS, que foram divididos em dois grupos, 47 pacientes em hemodiálise ambulatorial e 30 pacientes em DP domiciliar que realizavam o tratamento em dois centros de diálise num município do interior do estado de São Paulo. Os instrumentos utilizados foram o Questionário Sociodemográfico, Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e Escala Baptista de Depressão (EBADEP-Hosp-Amb). A análise dos dados foi realizada pelos testes Mann Whitney e Kruskal Wallis. Os resultados apontaram que os pacientes que realizavam DP apresentaram maior frequência de estresse comparado aos pacientes que realizavam HD. Quanto à sintomatologia de depressão, os dois grupos apresentaram baixa frequência, e em relação à percepção do suporte familiar, os pacientes em DP mantiveram a classificação Alta e os em HD, Médio-Alto. No cruzamento dos dados dos instrumentos com os sociodemográficos, houve significância estatística para o grupo de HD em relação ao gênero, estado civil, satisfação com a religião, suporte religioso e tempo de tratamento. As mulheres em HD percebiam melhor o suporte familiar do que os homens. No grupo de HD, os viúvos e separados apresentaram mais sintomatologia de depressão. O suporte familiar foi melhor percebido também nos que faziam hemodiálise, especialmente para os viúvos e união estável. O grupo de HD também apresentou maior satisfação com a religião e suporte religioso. Quanto maior o tempo de tratamento (de 2 a 6 anos) para o grupo de hemodiálise, havia maior autonomia, sugerindo que quanto mais tempo de tratamento maior a adaptação à condição crônica. Este trabalho apresentou algumas limitações quanto ao número de pacientes e a impossibilidade de comparação com outros estudos devido à sua escassez na literatura. Sua relevância na área da Psicologia e interface com outras áreas da saúde pode ser a semente para outros projetos a fim de minimizarem a dor pela qual tantos pacientes estão expostos diante da doença e tratamento.

Referências Bibliográficas

ABRAHÃO, S. S et al. Estudo descritivo sobre a prática da diálise peritoneal em domicílio. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 32, n. 1, p. 45-50, 2010.

BAPTISTA, M. N. Escala Baptista de Depressão (Versão Ambulatório) – EBADEP-HOSP-AMB. Programa de Pós-Graduação Stricto-Senso em Psicologia da Universidade de São Francisco/Itatiba/SP, 2011.

BAPTISTA, M. N. Escala Baptista de Depressão: versão adulto: EBADEP-A: livro de instruções. 1. Ed. São Paulo: Vetor, 2012.

BAPTISTA, M. N. Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF): Estudo Componencial em duas Configurações. Psicologia Ciência e Profissão, v. 27, n. 3, p. 496-509, 2007.

BAPTISTA, M. N. Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF). Vol. 1. São Paulo: Vetor, 2009.

BAPTISTA, M. N; ALVES, G. A. S; SANTOS, T. M. M. Suporte Familiar, Auto-Eficácia e Lócus de Controle Evidências de Validade entre os Construtos. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 28, n. 2, p. 260-271, 2008.

BARRETO, S. M; FIGUEIREDO, R. C. Doença crônica, auto-avaliação de saúde e comportamento de risco: diferença de gênero. Revista de Saúde Pública, n.43, supl. 2, p. 38-47, 2009.

BASTOS, M. G; BREGMAN, R; KIRSZTAJN, G. M. Doença Renal Crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 56, n. 2, p. 248-253, 2010.

CARNEIRO, A. M; LEMOS, V.A; BAPTISTA, M. N. Suporte Familiar, Crenças Irracionais e Sintomatologia Depressiva em Estudantes Universitários. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 31, n. 1, p. 20-29, 2011.

CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTOS DA CID 10: Descrições Clinicas e Diretrizes Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

CLEMENTE, E. P et al. Análises de la influencia de los factores psicológicos em la elección de diálisis peritoneal. Revista Nefrologia (Órgano Oficial de la Sociedad Española de Nefrologia), v. 30, n. 2, p. 195-201, 2010.

COSTA, F. G. et al. Rastreamento da Depressão no Contexto da Insuficiência Renal Crônica. Temas em Psicologia, v. 22, n. 2, p. 445-455, 2014.

ESTEVES, F. C; GALAVAN, A. L. Depressão numa contextualização contemporânea. Aletheia, n. 24, p. 127-135, 2006.

FERNANDES, N. M. S. Geografia da diálise peritoneal no Brasil: análise de uma coorte de 5.819 pacientes (BRAZPD). Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 32, n. 3, p. 268-274, 2010.

FINGER, G. et al. Sintomas depressivos e suas características em pacientes submetidos a hemodiálise. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), v. 55, n. 4, p. 333-338, out-dez, 2011.

GARCIA, T. W. et al. Depressed mood and poor quality of life in male patients with chronic renal failure undergoing hemodialysis. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 32, n. 4, p. 369-374, 2010.

GARCIA, G. G; HARDEN, P; CHAPMAN, J. O papel global do transplante renal. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 34, n. 1, p. 1-7, 2012.

GARCIA-LLANA, H. et al. El papel de la depressión, la ansiedade, el estrés y la adhesión al tratamento en la calidad de vida relacionada con la salud em pacientes en diálisis: revisión sistemática de la literatura. Revista Nefrología, v. 34, n. 5, p. 637-657, 2014.

KDIGO 2012, Clinical Practice Guideline for the Evaluation and Management of Chronic Kidney Disease. Kidney International Supplements, v. 3, p. 1-150, 2013.

KIRSZTAJN, G. M. et al. Fast reading of the KDIGO 2012: guidelines for evaluation and management of chronic kidney disease in clinical practice. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 36, n. 1, p. 63-73, 2014.

LIPP, M. E. N. O modelo quadrifásico do stress. In: LIPP, M. E. N. et al. Mecanismos Neuropsicológicos do Stress: Teoria e Aplicações Clinicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

LIPP, M. E. N. Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

LUGON, J. R. Doença Renal Crônica no Brasil: um problema de saúde pública. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 31 (Supl 1), p. 2-5, 2009.

MADEIRO, A. C. et al. Adesão de portadores de insuficiência renal crônica ao tratamento hemodialítico. Acta Paulista de Enfermagem, v. 23, n. 4, p. 546-551, 2010.

MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATISTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS: DSM V (American Psychiatric Association). Porto Alegre: Artmed: 2014.

MATTA, S. M. et al. Alterações cognitivas na doença renal crônica: uma atualização. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 36, n. 2, p. 241-245, 2014.

NIFA, S; RUDNICKI, T. Depressão em pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise. Revista Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, v. 13, n. 1, p. 64-75, 2010.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Depression. Acesso em 09 de fevereiro de 2016, em http://www.who.int/topics/depression/es/.

PASCOAL, M. et al. A importância da assistência psicológica junto ao paciente em hemodiálise. Revista Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, v. 12, n. 2, 2009.

PENA, P. F. A. et al. Cuidado ao paciente com Doença Renal Crônica no nível primário: pensando a integralidade e o matriciamento. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 17, n. 11, p. 3135-3144, 2012.

QUADRADO, A; RUDNICKI, T. Adesão terapêutica e a doença crônica não transmissível. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, v. 12, n. 2, p. 12-22, 2009.

REIS, L. A. et al. Avaliação do suporte familiar em idosos residentes em domicílio. Avaliação Psicológica, v. 10, n.2, p. 107-115, 2011.

ROCHA, P. N. et al. Motivo de “escolha” de diálise peritoneal: exaustão de acesso vascular para hemodiálise? Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 32, n. 1, p. 23-28, 2010.

RUDNICKI, T. Preditores de qualidade de vida em pacientes renais crônicos. Estudos de Psicologia, v. 24, n. 3, p.343-351, 2007.

SANTOS, F. K. Vivendo entre o pesadelo e o despertar – o primeiro momento no enfrentamento da diálise peritoneal. Escola Ana Nery, v. 15, n. 1, p. 39-46, 2011.

SANTOS, R. S. Depression and quality of life of hemodialysis patients living in a poor region of Brazil. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 33, n. 4, p. 332-337, 2011.

SELYE, H. The Stress of Life. NY: McGraw-Hill, 1956.

SESSO, R. C. et al. Relatório do Censo Brasileiro de Diálise Crônica 2012. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v.36, n.1, p. 48-53, 2014.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA on-line. Disponível em: < http://www.sbn.org.br/ > Acesso em: 29 de setembro 2015.

SOUZA, M. S.; BAPTISTA, M. N. Associações entre suporte familiar e saúde mental. Psicologia Argumento, v. 54, n. 26, p. 207-215, 2008.

STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002.

VALLE, L. S.; SOUZA, V. F.; RIBEIRO, A. M. Estresse e ansiedade em pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise. Estudos de Psicologia, v. 30, n. 1, p. 131-138, 2013.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida

Instituições

Hospital Estadual Bauru - São Paulo - Brasil, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências, Câmpus Bauru - São Paulo - Brasil

Autores

Andréia Barbosa de Lima, Sandra Leal Calais