11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Possibilidades terapêuticas de uma Oficina de Histórias na Enfermaria de Psiquiatria de um Hospital Terciário

Resumo

Introdução: A assistência em saúde mental passou por uma modernização dos serviços nas últimas décadas no Brasil com a instalação de enfermarias psiquiátricas em hospitais gerais. Nesses locais, o dispositivo grupal vem sido utilizado em diversos modelos, oferecendo diferentes recursos terapêuticos para seus pacientes, visando auxiliar a ressocialização após, em média, 50 dias internados.
Objetivos: Demonstrar o uso de contação de histórias em contexto grupal como possibilidade terapêutica efetiva no contexto de saúde mental.
Metodologia: Esta Enfermaria conta com 14 leitos para internação de pacientes com transtornos psiquiátricos graves, refratários, além de pacientes com comorbidades clínicas que necessitam de cuidados em hospital geral. A Oficina de Histórias é uma atividade em grupo de pacientes, coordenada por profissionais de psicologia, que consiste inicialmente na leitura de histórias; em seguida solicita-se aos pacientes um desenho, como via de comunicação entre os primeiros, para assim promover uma conversa entre os pacientes. O encontro é semanal, com duração de 50 minutos e participação de, no mínimo, três pacientes.
Resultados: O ato de ouvir uma história gera produção de sentidos muito específicos e individuais de elaboração. Uma vez apoiados nas histórias, os conflitos nela narrados ganham contornos e podem ser vistos como se fossem de fora, o que auxilia na aproximação dos indivíduos com seu sofrimento por uma via lúdica e não diretiva. Por exemplo, após uma das histórias contadas, (“Marcelo, Marmelo, Martelo”), em que uma paciente, internada há muitos meses e, com dificuldades para aceitar seu diagnóstico de esquizofrenia, aventou a hipótese de que o personagem Marcelo poderia ter tal transtorno também. A criação de uma maneira única e não compartilhada com os pares na maneira de se comunicar, utilizada pelo personagem da história, gerou nessa paciente uma identificação que a fez tomar contato com suas próprias dificuldades que foram geradas pelas doença, e não por uma simples exaustão mental, como a mesma até então compreendia seu quadro.
Discussão dos Resultados: Foi possível observar a função terapêutica dessa atividade. Através da contemplação da história, o paciente é capaz de encontrar soluções e novas ideias a respeito dos conflitos internos presentes no seu momento atual de vida, tendo em vista que a internação hospitalar em regime integral também promove ansiedade e novos conflitos.
Considerações finais: Para os pacientes internados numa Enfermaria Psiquiátrica, onde é difícil explicitar seus sentimentos sem que se mobilizem com angústia, um sofrimento difuso e sem nome. Uma história pode emprestar um sentido que a princípio não é próprio, mas dá contorno ao sofrimento. Nesse caso, não seria uma verdade que o sujeito elabora através da trama ficcional, mas um por tempo funcionaria como se fosse. Ou seja, um conto de fada pode nos emprestar um sentido, sem que haja correspondência do mesmo com o problema real. . O exercício de ouvir e, dialogar a respeito de uma ideia, de um sentimento, e dar expressão às imagens por intermédio de traços de desenhos é, sem dúvida, um precioso meio de reordenação e transformação, favorecendo a evolução e ressocialização do paciente.

Referências Bibliográficas

HISADA, S. A utilização de histórias no processo psicoterápico: uma proposta Winnicottiana. Rio de Janeiro: Revinter, 1998.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
BECHELLI, L. P. C. & SANTOS, M. A. (2004). Psicoterapia de grupo: como surgiu e evoluiu. Revista Latino-americana de. Enfermagem, 12 (2), 242-249.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG

Autores

Rafaela Gonçalves Carvalho, Iara de Moura Engracia Giraldi, Lidia Neves Campanelli