Subjetividade e Saúde: investigação com paciente renal crônico
No presente trabalho, objetivamos investigar os processos de subjetividade enquanto construção simbólica emocional frente ao contexto histórico e sociocultural, enfatizando os processos de saúde e doença, aspectos psicológicos em sujeitos pacientes com insuficiência renal crônica. A construção subjetiva está relacionada ao simbólico emocional presente na experiênciação num percurso social que, parte do singular como forma de constituição do sujeito, sendo essa realizável, pela via da própria construção de sentido no contexto sócio-histórico e cultural, ao qual cada sujeito atua e está inserido. Dessa maneira, levantamos os seguintes questionamentos: Quais são as produções subjetivas que esses sujeitos/pacientes estão construindo a partir desse processo de saúde/doença? Quais são os impactos psicológicos e sociais em suas vidas? E como isso se apresenta para os distintos gêneros? Portanto, o objetivo geral deste trabalho busca compreender os processos subjetivos e aspectos psíquicos frente a uma condição de saúde/adoecimento como na Insuficiência Renal Crônica (IRC). A metodologia utilizada nesse trabalho, se deu a partir da realização de entrevistas semi-estruturada com quatro pacientes com IRC, submetidos ao tratamento de hemodiálise em um hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS), localizado no estado de Goiás. O processo de adoecimento diz de condições que podem ser de períodos breves ou longos. No caso de pacientes renais crônicos, que são submetidos semanalmente ao tratamento, esse processo pode representar a manutenção de uma condição crônica e gradual, que impacta decisivamente na vida desse sujeito de modo a produzir condições físicas (que no geral reduz todas as atividades do sujeito), mas, sobretudo psíquicas que produzir sofrimento e estes processos exigem atenção tanto quanto a saúde/doença por constituírem um aspecto importante para o sujeito nas construções subjetivas frente a si mesmo, ao meio e ao social-cultural. Dessa maneira, pode ser danosa ao sujeito, uma condição de adoecimento com poucas perspectivas de cura (transplante), sem que este receba um apoio psicológico para tentar se rearranjar e lidar com os impactos decorrentes do adoecimento. Deste modo, conclui-se que a partir desse estudo, foi possível observar como esses sujeitos vivenciam os impactos (grandes limitações) da IRC e as reverberações disso em suas produções de subjetividade, bem como o modo que se apresenta tanto no gênero feminino e masculino as suas distintas formas de construções de autocuidado e auto-imagem, construção do lugar social, que podem produzir impactos psíquicos, subjetivos, refletindo no contexto sociocultural enquanto lugar de construções. Dessa maneira, é de extrema importância o suporte psicológico aos pacientes acometidos pela IRC, já que estes precisam tentar se adaptar diariamente a um novo contexto, num sentido estrito da palavra, em função desse adoecimento.
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Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão - Goiás - Brasil
JERLINE ROCHA, Maurício Campos