11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Um olhar para a criança e com câncer

Resumo

Introdução: A prática na área da oncologia nos confronta com situações-limite, elas presentificam situações de rupturas que estão além da perda da condição de saudável. Mas e quando o doente é uma criança? Um ‘pequeno ser’, às vezes ainda infans, submetido ao fracasso do corpo e aos inúmeros procedimentos invasivos, mas fundamentais na tentativa de deter a progressão de uma doença crônico-degenativa? A literatura e a práxis clínica nos traz a indicação, desde Freud (1909;1920), passando por Melanie Klein e Winnicott, de que a criança possui outras formas de nos comunicar suas angústias.
Metodologia: Oferecer um espaço para que a brincadeira livre aconteça no ambiente hospitalar
Objetivo: Demonstrar que o brincar é um dispositivo para a atuação do psicólogo no hospital
Situação 1: Uma criança de 06 anos brinca de fazer comida, utiliza os materiais que lhe são oferecidos, como papéis, massa de modelar. Nos conta que prepara um grande banquete de lanches. Nesse tempo que antecede a sua vez de se submeter ao mielograma, no qual ela está em jejum, um número de cachorros-quentes, sucos variados, coxinhas e rissoles aparecem. Ela vai criando sabores e oferecendo a todos os que estão em volta seus quitutes.
Situação 2: Uma criança de 04 anos pede uma boneca e junto com as seringas que tinha em mãos, começa a realizar procedimentos na mesma. Em um momento ela quer ‘pegar a veia’, em outro ela avisa que vai iniciar a medicação na veia e me informa o gotejamento e o tempo da infusão, inclusive se utilizando de um linguajar técnico.
Situação 3: uma criança de 10 anos pede para brincar de jogo da forca e sua principal alegria é o no momento em que consegue ‘enforcar’ aquele que brinca com ela. Seus riscos no papel são marcados por um traço forte e carregado de agressividade.
As situações acima descritas se repetem de forma paradigmática nos diferentes momentos da intervenção. Nossa intenção aqui é salientar o quanto o brincar é um dizer e da importância dele ser uma via que pode proporcionar à criança, como diz COHEN, FARIA & MAGNAN, (2010) transformar a dor em prazer. Na medida em que a criança se torna agente de uma situação, ela pode simbolicamente tratar uma vivência que, na realidade, a faz sofrer e que invade seu corpo. Daí a importância do psicólogo no hospital estar atento às ações de humanização, uma vez que é por este viés, que existe a possibilidade de inserção de inúmeras atividades que podem possibilitar à criança que a fantasia continue tendo efeitos de proteção do seu eu, mesmo quando o impossível da doença insiste em não desaparecer.

Referências Bibliográficas

COHEN, R., FARIA, M.F. & MAGNAN, V. Projeto Brincante: o brincar no ambiente hospitalar. In: MATTOS, C.A.(Org.). Psicomotricidade na saúde. Rio de Janeiro: WAK, 2010.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.1 Atenção Integral à Criança e ao Adolescente no Contexto de Saúde e Doença

Autores

Fernanda Girão, Thais Bessa, rafaela fialho fialho