Indicadores de risco psicossocial familiar e qualidade de vida em crianças hospitalizadas
O processo de adoecimento pode acarretar prejuízos para o desenvolvimento infantil, afetando a qualidade de vida da criança e potencializando os fatores que elevam o risco psicossocial da família.Os efeitos físicos, psicológicos, emocionais da hospitalização dependem, entre outras variáveis, de características da criança e de sua família. Desse modo o processo de hospitalização pode ser vivenciado pela criança e família de diferentes formas. O estudo teve por objetivo analisar as variáveis de risco psicossocial familiar e os indicadores de qualidade de vida em crianças no contexto de hospitalização. No estudo participaram 31 crianças, com idade entre 5 e 7 anos (M = 5,83; DP = 0,82) e seus cuidadores, internadas em hospital público de Cuiabá-MT. Foi aplicado no cuidador o Instrumento de Avaliação Psicossocial (Psychossocial Assessment Tool - PAT 2.0): a avaliçao risco psicossocial da criança e da família, com base nos seguintes aspectos: estrutura familiar da criança e seus recursos financeiros; suporte social que a família possui; problemas enfrentados pela criança, sendo eles entre irmãos e a família como um todo; reações de estresse dos pais;as crenças da criança e de sua família. Ao final permite identificar as famílias em: clínico, alvo ou universal. Na criança foi aplicado o Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfante Imagé(AUQEI), adaptado para o Brasil, o questionário é composto por quatro domínios (autonomia, lazer, função e família) que abrangem 18 questões. Os resultados indicaram: a) maior número de famílias (n=17) com risco psicossocial Alvo, isto é, na caracterização familiar encontra-se indicadores de estresse agudo e fatores de risco, desse modo, as famílias estão indicadas para intervenções específicas e necessidade de suporte direcionado para os sintomas apresentados bem como o monitoramento do nível de estresse. Do total (n=31) 8 famílias indicaram risco psicossocial Universal e 6 famílias risco Clínico, que sugere presença de estresse persistente ou intermitente na família, com necessidade de acompanhamento por equipe multiprofissional de saúde; b) do total de crianças (n=31), treze delas apresentaram indicativo de comprometimento na qualidade de vida nos fatores “função” e “família”; c) desse total de crianças (n=13) com comprometimento na qualidade de vida 10 crianças pertenciam à famílias que apresentaram algum risco psicossocial; d) as dificuldades que as famílias com maior risco psicossocial enfrentam estão em estrutura e recursos da família. A maior presença de risco psicossocial familiar do tipo Alvo evidencia a fragilidade da família assim como o comprometimento na qualidade de vida no contexto da hospitalização infantil podem afetar o processo de hospitalização da criança e de sua família, requerendo maior atenção por parte dos profissionais de saúde. Assim, esses estudos permitem conhecer variáveis do processo de hospitalização e subsidiar intervenções dirigidas ao perfil familiar de modo a minimizar o impacto da hospitalização.
Palavras chave: Hospitalização Infantil; Risco psicossocial familiar; Qualidade de vida
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.1 Atenção Integral à Criança e ao Adolescente no Contexto de Saúde e Doença
Isabela Almeida Alves, Tatiane Lebre Dias, Aryadnne Alexya Freire, Juliana Caroline Amorim, Mariama Souza Bispo