11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

ALCANCE DOS CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO AO LUTO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Resumo

Introdução: A assistência em Cuidados Paliativos dá-se em vários momentos do adoecimento e não encerra com a morte. Diante do falecimento de um ente querido e na presença de indicadores como a qualidade da relação que se finda, o papel que a pessoa ocupa no sistema familiar/social, recursos de enfrentamento, dentre outros, é possível que se desenvolva um processo de luto complicado em que após a perda, em virtude de um sofrimento intenso, o sujeito se afaste de tudo aquilo que lhe é significativo. Dada relevância da atenção ao luto, psicólogas da equipe de Cuidados Paliativos (CP) de um Hospital de alta complexidade de São Paulo promovem, na modalidade ambulatorial, suporte psicológico a familiares previamente avaliados como possíveis candidatos ao luto complicado.
Objetivo: Refletir sobre a experiência de suporte psicológico num ambulatório de luto enquanto parte da rede de atenção em Cuidados Paliativos.
Método: Relato de experiência a partir da vivência de psicólogas residentes que atuaram num ambulatório de luto entre abril de 2015 a fevereiro de 2016.
Resultados e discussão: Os pacientes atendidos neste ambulatório eram familiares ou outras figuras que nutriam forte vínculo aos pacientes atendidos pela equipe de CP nos diversos dispositivos como, enfermaria, interconsulta, ambulatório multiprofissional e assistência domiciliar. Ressalta-se que para alguns pacientes nos quais eram identificados sinais de sofrimento intenso ligado a possibilidade de perda, o acompanhamento era iniciado antes do falecimento de seu familiar. Durante o processo de encaminhamento, agendamento e entrevistas iniciais o local de atendimento configurou-se como grande desafio. Para alguns pacientes retornar ao hospital, em algum nível, era uma convocação a reviver momentos de intenso sofrimento relacionados ao processo de adoecimento e morte do ente querido, algo aparentemente intolerável e que se repetia independente do tempo passado após o falecimento. É realmente desafiador quando a intensidade da dor da perda não sustenta a vinculação ao ambulatório, por mais que haja dor, nem sempre haverá disponibilidade psíquica para traduzi-la em palavras. Além disso, uma vez que o trabalho com luto encontrava-se em construção nesta unidade, enfrentava momentos de inauguração de espaço simbólico e físico. Ao mesmo tempo em que havia um incentivo da gestão para o trabalho, a disponibilidade de horários e de salas destinadas a essa atividade eram restritas, algo que tornou-se mais fluído no decorrer do processo.
Considerações finais: Apesar das dificuldades, o trabalho realizado tornou possível a instauração de um lugar para oferta de escuta do sofrimento psíquico desencadeado pelo processo de perda. Em meio ao sofrimento apresentado pelos sujeitos enlutados, o atendimento permitiu que o processo do luto se fizesse de forma mais saudável, fortalecendo recursos psíquicos de enfrentamento a fim de que a perda fosse incorporada, não como algo paralisante, e sim, de maneira a permitir um reinvestimento na vida.

Referências Bibliográficas

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Karen Pereira Bisconcini, Dhiene Santana Araújo Oliveira, Talita Almeida Moreira