A contribuição da residência multiprofissional na formação do psicólogo da saúde
Introdução: Em 2005 foi instituída a Residência em Área Profissional da Saúde na modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, direcionada para a educação em serviço e destinada às categorias profissionais não médicas. As chamadas Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) constituem-se como um espaço de formação que incentiva a troca entre profissionais de áreas diversificadas e impulsiona a criação de uma práxis interdisciplinar. O número de programas tem aumentado e em alguma medida tem acompanhado a diversidade de programas inicialmente previstos apenas para os profissionais médicos. A exemplo disso, a RMS em saúde do idoso em Cuidados Paliativos (CP) foi instituída em 2014 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Ano em que também teve início a residência médica, ambas especializações ocorrem em paralelo, o que potencializa o desenvolvimento do trabalho interdisciplinar.
Objetivo: Analisar a contribuição da RMS em saúde do idoso em CP na formação de psicólogas.
Método: Relato de experiência de psicólogas que cursaram RMS em saúde do idoso em CP no período de março de 2015 a fevereiro de 2017. A análise deu-se a partir das discussões acerca das vivências compartilhadas pelas psicólogas durante a vigência do programa de residência.
Resultados/discussão: O programa de RMS em questão tem uma proposta ampla no que se refere às possibilidades de atuação do psicólogo. Ao longo de dois anos são realizados estágios com duração de quatro meses e outros transversais durante um ano, dentre os quais: interconsulta, enfermaria, assistência domiciliar, ambulatório multiprofissional, ambulatório de luto, hospice, atenção primária e instituição de longa permanência para idosos. Essa variedade de campos de estágios associada a supervisão e a aulas teóricas oferecem ferramentas necessárias para que o psicólogo construa mais solidamente sua carreira profissional. Cabe destacar que a relação contínua com as equipes fixas, médica e multiprofissional, é um facilitador no aperfeiçoamento de habilidades. A fluidez nas relações é tão constante que o vínculo de alguns dos profissionais formados durante a RMS pode se manter mesmo após o término da residência, mediante programa de voluntariado criado pelo serviço. Programa criado com o intuito de ampliar o alcance da atuação em CP, mas também possibilita o exercício do conhecimento aprendido para os profissionais recém formados. A experiência compartilhada entre os residentes médicos e multiprofissionais também contribui para o crescimento profissional, entre os profissionais do mesmo nível hierárquico ocorrem as discussões mais genuínas, em que cada profissional expõe seu ponto de vista sem o julgamento de um superior. Discussões que possibilitam apurar a qualidade do senso crítico e reconhecer o papel de cada profissional junto ao paciente, o que por sua vez repercute em uma assistência de maior qualidade, mesmo que seja prestada por profissionais em formação.
Considerações finais: O programa de RMS em saúde do idoso em CP gerencia seus residentes com incentivo a autonomia e desenvolvimento de senso crítico, o que torna essa experiência essencial não somente à formação enquanto psicólogas, mas também como uma oportunidade de crescimento pessoal.
5. Novas Tecnologias, Gestão e Formação em Psicologia Hospitalar e da Saúde - 5.3 Residência Multiprofissional
Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina USP - São Paulo - Brasil
Talita Almeida Moreira, Dhiene Santana Araújo Oliveira, Karen Pereira Bisconcini